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sábado, 21 de maio de 2016

Como fazer atividade física sem se exercitar

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Não importa o que você faça, mas, desde que você coloque o corpo em movimento com regularidade

MARCIO ATALLA
16/05/2016 - 08h00 - Atualizado 16/05/2016 08h00 
 
 
Não tenho tempo de fazer atividade física com frequência. Aos finais de semana, corro ou surfo. Durante a semana, vou a pé até a faculdade, faço uma caminhada de 30 minutos em passos rápidos. Uso as escadas em vez de elevador. Subo 20 andares por dia, divididos em três ou quatro vezes. É o suficiente para sair do sedentarismo? – Leandro Groeninga
Tenho uma notícia boa: você não é sedentário e está longe de ser! Agora, tenho outra notícia melhor ainda: você faz atividade física com frequência, sim! Se metade das pessoas fizesse o que você faz, evitaríamos pelo menos metade das mortes que acontecem por ano por conta do sedentarismo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são 5 milhões de mortes no mundo – 300 mil só no Brasil. O sedentarismo já é considerado uma epidemia mundial. Não importa o que você faça, mas, desde que você coloque seu corpo em movimento com regularidade diária, já é o bastante. Acumular 10 mil passos, o equivalente a caminhar por 7 quilômetros, já qualifica uma pessoa como fisicamente ativa. Você é um exemplo a ser seguido: não tem tempo, mas tem vontade.
Estou com 26 anos e tenho artrite reumatoide. Faço exercício funcional com aparelhos de treinamento suspenso. Só esse tipo de exercício é eficaz para mim? – Wanessa de Araújo Silveira Facó
Você certamente precisa se manter ativa e fazer atividade física com regularidade. Os exercícios de força resistida são especialmente importantes. Os músculos ficam mais fortes para proteger as articulações. Sem tratamento adequado e sem atividade física, podem surgir deformidades, principalmente nas articulações menores, como as das mãos e  dos pés. Uma vez que isso aconteça, será mais difícil reverter o quadro. Podem surgir limitações da capacidade funcional dos membros e, por fim, a perda da autonomia para fazer tarefas diárias. O treinamento suspenso é uma excelente opção de exercício de resistência muscular. Com esse equipamento simples, há uma infinidade de movimentos que recrutam diversos grupos musculares ao mesmo tempo. É possível desenvolver habilidades mais específicas, como coordenação, equilíbrio, lateralidade. Sua escolha foi excelente e seus resultados assim serão.

http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/marcio-atalla/noticia/2016/05/como-fazer-atividade-fisica-sem-se-exercitar.html 
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Jovens que levam o celular para a cama não estão dormindo bem

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Estudo apresentado em conferência da Sociedade Britânica de Psicologia com 460 adolescentes de uma escola na Escócia mostrou que a partir dos 11 anos eles já ficam tempo demais nas redes sociais e acabam dormindo cada vez menos.

 

 

http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/cristiane-segatto/noticia/2015/09/jovens-que-levam-o-celular-para-cama-nao-estao-dormindo-bem.html 

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Como levantar o assunto ménage à trois? Qual a melhor forma de falar das fantasias sexuais com o parceiro?

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3 de outubro de 2015


fale-menage
Meninas, uma das presenças mais constantes aqui na caixa de e-mail é a cartinha pedindo uma estrada que leve do sexo normal até o paraíso da fantasia sensual.
Gente que escreve perguntando como faz pra conseguir um ménage.
Gente que quer saber como tirar o marido da tranquilidade muscular do papai-e-mamãe.
Gente que fica suada só pensando numa trepada sob a luz do sol e o vento que sopra sem paredes.
Gente que gostaria de uns carinhos na retaguarda mas tem medo de pedir.
Enfim, no fundo, é uma estrada de perdição.
+Fale com ele: Por que alguns homens ficam estranhos, calados ou querem ir embora depois do sexo?
Dia desses, por exemplo, desembarcou aqui esta mensagem:
“João, meu sonho – mas é sonho mesmo, desses que até doem, desses que já me fizeram querer até pular a cerca pra encontrar quem topasse – é transar com dois homens. Meu namorado não é exatamente um sujeito caxias na cama, ele provavelmente toparia dividir a cama comigo e mais outra (não tenho certeza), mas o meu desejo eu receio que ele jamais tope. O problema é ter essa certeza.
Porque não sei se você concorda, mas a minha impressão é de que homens pegam mal com essa tara. Duas mulheres e um cara, tudo bem. Dois caras e uma mulher, nada feito. E eu realmente não entendo qual a diferença, na prática. Tudo bem, imagino os pudores, o machismo, esse medo de ficar perto de outro sujeito nu. Mas eu sei bem que dá pra fazer sem isso. E, puxa, vontade é vontade.
Minha dúvida é: como tocar nesse assunto? E como fazer esse assunto acontecer? Porque, sei lá, acho meio triste eu ter tanta vontade e morrer com essa vontade. Sério, parece que eu só atraio namorados legais, mas normais no quesito ‘cama’. Os loucos, os trastes, esses sim parecem topar… Mas não prestam. Sinuca de bico, portanto.
Que dicas você me dá, João?”
O CAMINHO DA ALEGRIA COMEÇA NO MEDO DA ALEGRIA
Meninas, como eu disse lá em cima, as nossas grandes taras são um caminho de perdições e tormentos. O triste negócio é que esse caminho, no fim das contas, é cimentado com o nosso bizarro e quase insuperável medo de arriscar. Temos medo de julgamento. Temos medo de que o outro veja na gente aquilo que não queremos passar. Temos medo do que fazer se a coisa realmente acontecer. Temos medo de falhar. Temos medo de ficar falados. Temos… medo.
E eis o ponto essencial de qualquer tara: quem tem medo, não faz. E mesmo quem faz, tem medo.
+Fale com ele: Tenho dificuldades para gozar com penetração. Finjo que chego lá ou não?
Como é que a gente mastiga esse Tostines, então, hein?
Acho que tem uns macetes.
fale-menage2
RELAXAR E ARRISCAR
O primeiro engenho de todos é: relaxem. Sério, relaxem. Por trás de cada parede, em cima de cada cama, por baixo de todo zíper, dormem segredos e vontades que quase todo mundo tem vergonha de assumir. Quase todo mundo, aliás, é capaz de fazer muito mais do que aquilo que assume pros outros e pro espelho.
Quase todo mundo. Você não está só.
É como se fôssemos uma nação de bizarros incapazes de ver que os outros são também bizarros. E percebem a torta beleza disso? Se temos aqui, respirando sobre este solo, sete bilhões de taradinhos, temos, no fim, sete bilhões de pessoas normalíssimas. Ser bizarro é ser normal. Meu ponto: desejo sexual quase todo mundo tem o seu. E eles não são tão distantes assim uns dos outros.
Tenho uma amigo estudioso dessas coisas da mente. Trabalha deitando as pessoas no divã. Quando elas levantam, ele diz a si mesmo que dentro de todo mundo vive um sapequinha sexual capaz de aceitar, topar e viver as maiores e mais impensáveis experiências. Tudo depende de um processo de aceitação. De respeitar os limites próprios e do outro. E, enfim, de viver a vida sem o receio de esperar tanta aprovação alheia.
+Fale com ele: Qual a frequência sexual ideal? A ciência descobriu e você vai gostar
Querem saber de uma coisa: fazer um ménage em que há dois homens na cama e uma mulher fazendo sanduíche é mesmo algo que costuma assustar os machos. Mas eu diria que com tato, com a pessoa certa, investigando delicadamente o assunto, o assunto pode vingar mais do que parece. E querem saber? Muito cara até gosta de descobrir na parceira essas vontades tão desabridas. Há que ser delicado e comedido na aproximação. Mas tem que tentar.
O “não” todo mundo já tem ficando parado.
O sim só com sorte ou esforço.
O mesmo pode ser dito pra tudo que for perguntado, além do ménage: desde os dedos e os beijos em lugares obscuros até as palmadinhas. Tudo tem um lugar.
MAS COMO FAZER?
A dica inicial é a dica essencial: conversem. Puxa o parceiro de canto, num momento relaxado, naqueles momentos de tara verbal mútua, quando a gente destrava o zíper interno e quer falar de safadices. Esse é um dos processos mais divertidos de um casal que aceita a grande verdade do mundo: a graça do amor é a gente entender que todo mundo tem passado e ninguém tem posse do outro. Amor é tudo menos posse. Amor é entender e respeitar os limites alheios. Mas é também abrir uma conversa ruidosa ou silenciosa em que as duas pessoas aceitam que diante de si há alguém com vontades e desejos.
São esses casais que, aos poucos, vão soltando as iscas, mapeando aquilo que causa comichões nos países baixos. Dentro de você e do seu parceiro vive esse casal.
+Fale com ele: Os homens são realmente obcecados por sexo anal?
Um exemplo:
Conheço um amigo que se sentia o mais incapaz dos sedutores. O sonho dele era transar com a mulher e uma amiga. Mas era um sonho dividido entre ele e ele mesmo. Nunca foi capaz de dizer. Na realidade que ele pintou na própria cuca, dizer isso à esposa seria ofender a esposa. Seria ainda mais: seria trair a esposa. Pior: nesse desenho que ele fez da esposa, a esposa era quase virginal, um montezinho de pureza e no máximo um 69 no sexo.
Até que um dia, depois de uma festa de casamento, os dois tomaram um porre. E tomaram esse porre com a amiga junto. O porre evoluiu pra uma conversa franquíssima sobre os calores sexuais. Quando raiou o dia, os três trocaram beijos. Despediram-se. Meu amigo e sua esposa pra um lado, a amiga pra outro.
Nesse dia, amigo e esposa, enfim, conversaram. Descobriram, alegres e meio assustados, que dentro de cada um respirava alguém que eles desconheciam. E aquilo que parecia tabu era, na real, um irrefreável desejo mútuo e silencioso. Em pouco tempo, a cama dos dois ganhou o peso de mais uma. E foram felizes por alguns dias e várias horas.
UMA CONCLUSÃO
Meu ponto, meninas, é: estamos deixando e viver coisas por medo de viver coisas.
Minha dica é: conversem. Sutilmente, soltem as migalhas do assunto.
Como disse acima: na hora em que você se sente mais aberto e percebe a abertura no parceiro, eis a hora de soltar esses farelos.
Depois, sinta. Sinta a reação. Muitas vezes, o outro demora a destravar. Mesmo no campo das hipóteses. É sempre bom lembrar que o outro é um espelho distorcido da gente. Vive os mesmos dilemas, moldados à maneira dele. Alguém só precisa quebrar o gelo.
+Fale com ele: Quando a gente se dá bem em tudo menos no sexo, tem jeito? É normal eu gostar muito de sexo frenético?
O grande truque é mostrar que o seu desejo é também uma fonte de prazer pro outro: que fazer o outro feliz é te fazer feliz. Que ampliar os horizontes, até o limite em que o horizonte não machucar o desejo vertical do parceiro, é o melhor jeito pros dois.
Mas acima de tudo, escute. Faça dessa conversa uma troca. Deixe aberto o campo pra que o outro também possa realizar ou falar com você aquilo que ele guarda dentro de si. Esse é a trilha do sucesso: quando a gente sente que a parceria na cama é total e em duas vias, fazer o desejo do outro é fazer o nosso próprio desejo. A gente acaba contaminado pela euforia de uma vida mais sapeca.
Respeitar os receios, lidar com os medos, fazer da tara sexual uma história que começa nas travas, mas caminha junta para uma descoberta, essa é a grande estrada que liga a fantasia à mais suada e alegre realidade.
Arrisquem.

http://colunas.revistamarieclaire.globo.com/falecomele/2015/10/03/como-levantar-o-assunto-menage-a-trois-qual-a-melhor-forma-de-falar-das-fantasias-sexuais-com-o-parceiro/
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O que fazer quando ele quer saber sobre o meu passado amoroso e sexual?

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14 de maio de 2016

relacionamentos-passados
Meninas, às vezes os tempos são duros. Tão duros que fazem a gente esquecer o passado. Repetir o passado. Mas no amor é diferente. No amor, escapar do passado, mantê-lo sossegado num cofre só seu, esse é o bom passado. Soterrado num conveniente silêncio.
Veja, por exemplo, esta carta:
“João, meu namorado perguntou sobre se tive algo com um fulano que ele sabe ser meu amigo bem próximo. Claro, tive sim algo com ele. Mas o que eu faço? O que deveria fazer? Conto? Qual a resposta certa? O que ele ganha sabendo disso? Eu enrolei e menti. Disse que não. Mas tou bem incomodada com isso. Queria entender a motivação disso. Fiquei um pouco irritada com ele. Mas também irritada comigo. Por que deveria me sentir mal por algo que aconteceu quando eu nem conhecia meu namorado?
+ Sexo casual: por que receber uma proposta assim te ofende?
O negócio é que já vivi esse tipo de experiência de contar o que fiz e o que deixei de fazer. Sempre, sempre, sempre que fiz isso… ‘deu ruim’. Eu até entendo a curiosidade. É uma curiosidade masoquista. Não vou mentir que já perguntei sobre o passado dos meus ex em antigos relacionamentos. Sei como é viciante. Só que, sinceramente, aprendi na marra que isso não ajuda em nada. Você carrega uma sombra de coisas que não viu. E aquilo que você não viu é quase sempre mais forte, intenso, doloroso do que o fato foi.
Sei lá. Detesto abrir essa porta em mim e no outro. Você sempre quer saber mais. Nunca acaba. E depois que sabe, as coisas mudam. Minhocas lotam a cabeça da gente.
Enfim, eu acho que o passado deveria ser guardado numa tumba. Só que como dizer isso ao outro sem parecer que quero esconder por algum motivo especial? Fico no dilema: conto sobre o que ele me perguntou? Conto um pouco? Me recuso? Ou minto de novo? ”
+ 5 dicas para fazer o sexo durar mais (e entender quando ele dura pouco)
UMA RESPOSTA SEM RESPOSTA
Moças, acho que a gente não deveria contar. Conviver com os segredos do outro, conviver com as experiências do outro é um sinal de amor. Querer mapear aquilo que foi e não é mais, por qualquer motivo, é uma espécie de posse. Não de amor. Embora amor e posse se misturem o tempo todo, são coisas diferentes.
Percebam, meninas: contar pra quê? Contar por quê? Contar o quê? Que tipo de satisfação a gente pode tirar dessa coisa de engordar a curiosidade do outro? De fazê-lo viver por procuração da recriação daquilo que ele não viu? Aquilo que, por definição, machuca tanto a gente?
+ “Escrevi um post falando mal do meu ex. Fui apoiada e criticada. Errei?”
Ah, meninas. Eu sei que mora dentro de cada um de nós um sofredor. Um estômago com fome de paranoia. A dor faz as coisas andarem. De um jeito torto, mas faz. Preenche de sentido. Ocupa o vácuo que é viver.
E eu sei também que no mundo perfeito, feito de doce, tangerina e alegria – um mundo que não existe –, a gente defenderia o dever de que aceitar completamente a folha corrida do parceiro é o caminho do amadurecimento. Mas reparem: somos eternos meninos e meninas no amor. Amadurecer – ao menos por agora – é envelhecer o amor. Nascemos e crescemos num mundo, numa arena em que enxergamos gostar de alguém como pertencer a alguém. E é aí que a maionese do amor desanda numa necessidade de controle.
Moças, a vida é maionese, não é doce nem muito alegre. E que amor é um sentimento imenso, confuso, incrível, mas meio maluco. É tão difícil dividir…
+Relacionamento: por que brigar pode ser bom?
UMA SOLUÇÃO
Garotas, cheguemos a uma conclusão: não, não pergunte sobre o passado do seu parceiro. Nem responda. Você dirá: “Mas como, João!? Como não dizer nada quando ele pergunta?”.
Eu direi: não dizendo. Ou melhor, dizendo a ele que você não dirá. Não por uma questão de medo ou vergonha. Por uma questão de amor. Por uma questão de evolução de amor. Por uma questão de individualidade. A nossa inexorável individualidade. A nossa eterna solidão. A gente precisa guardar e cuidar das nossas memórias, das nossas vidas passadas. Dos nossos amores que evaporaram.
Porque certos tipos de assuntos, assuntos internos, você e eu precisamos encarar de frente. Combinar com o espelho. E, então, explicar ao outro sem rodeios. Voto pelo “não” ao dizer tudo.
+Relacionamento aberto: como lidar com essa ideia?
Meninas, eu sinceramente acho que quando a gente começa a relatar ao parceiro aquilo que não fará diferença nem bem a ele (mesmo que ele infantilmente insista), quando a gente topa fornecer uma dose irresistível de paranoia. Dose que consegue tudo menos coisas boas. Já disse no alto e repito aqui embaixo: buzinar as verdades que ferem o ouvido do outro é botar o relacionamento num processo de crime e castigo quando não houve nenhum crime nem responsabilidade nem erro.
Portanto, se o namorado começar a vasculhar aquilo que passou e como se passou com outros, não desconverse. Mas não responda. Ao menos não o que ele quer. Diga a ele que não faz sentido. Que passado todo mundo tem. Que todo mundo deveria guardar um cantinho seu. Um pedacinho de vida que mora lá atrás. E sigam em frente. Seja curta ou longa, não seja grossa, mas seja firme.
E que em cada amor caiba exatamente o amor que o casal constrói.
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Quais são os 10 erros mais comuns que você comete na hora do sexo?

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31 de outubro de 2015

fale-erros
Meninas, dia desses uma amiga trouxe no celular umas anotações. Ela tinha acabado de sair de um evento e uma das atrações ali tinha sido um bate-papo.
“Vem cá ver, João”, ela disse.
Eu fui e vi. Na telinha, em pontos, ela batucou umas dicas, uns temores, uns defeitos que os homens vem cometendo na hora do sexo.
“Acho que pode te ajudar a escrever algo”, disse a amiga.
Concordei.
Nesse evento que minha amiga carimbou com a presença e com o dedinho anotador no celular, as moças sentadas sobre o palco (tinha atriz, tinha psiquiatra, tinha psicóloga, tinha blogueira e mais grande elenco) levantaram uns tantos pecados que os homens cometem na cama e não sabem.
Ela me disse alguns deles.
Por exemplo:
“João, você sabia que as mulheres, em geral, acham que a maioria dos homens vem mandando mal ou mais ou menos no sexo?”
Eu não sabia. Mas imaginava. Os tempos andam estranhamente estranhos.
Fale com ele: Sinto tédio no meu relacionamento. É sinal de fim? Como lidar com esse tipo de insatisfação?
Ela prosseguiu:
“Muitos homens pensam que transar com uma mulher é tipo… Tipo um ENEM. Um ENEM solitário. Que a meta é pontuar. Que a meta é fingir saber aquilo que não sabe.”
Achei a comparação interessante e pedi mais. Ela deu:
“Sabe aqueles caras que encaram o amorzinho suado como se fosse um teste, uma prova, uma avaliação de desempenho?”
Eu disse que não sabia, mas imaginava.
“Pois então. Parece que cada vez mais ou homem tá dividido entre ser um cara que tem algo a provar ou que… tem medo”.
Meninas, vejam se vocês não concordam com a minha amiga:
“João, esse caras, na hora de transar, querem cumprir tipo um ritual, sabe? É como se o sexo deixasse de ser um encontro em duas pessoas que se conhecem em pé e agora vão se conhecer deitados. Uma conversa deitada. Pra mim, o sexo é isso. Então, deveria poder caber no sexo o erro, a preguiça, o dia bom, o dia ruim. Mas não. Tem tanto cara repetindo essa coisa de redes sociais, de vender uma imagem de perfeição, de botar filtro nas experiências, que, repara: na cama eles querem tentar de tudo, um monte de movimentos, de barulhos, de preocupações… Mas é tudo meio vazio. Meio egoísta. Como se a trepada fosse uma conquista que eles desenharam na própria cuca. E isso quando o cara ao menos se preocupa… Tem uma parte de vocês que acha que transar é só penetrar, que acha que pra fazer a gente gozar é só praticar um sexo oral em que a língua parece um amolador de faca. Fora aquele mala que tá mais preocupado em saber se você gozou não porque pra ele é importante você gozar, mas porque você gozar é um sinal de que ele manda tão bem quanto acha que manda…”
Fale com ele: Dez coisas que mulheres fazem na cama e são a mais pura alegria dos homens
Enfim, ela foi ao finalmente:
“Sei lá, João. Eu sei que parece exagero. E que muitas vezes esse mesmo cara que um dia mandou mal, foi egoísta, às vezes manda bem. E que o mundo é complicado. Mas é que eu realmente venho notando uma espécie de insegurança segura dos homens diante da gente na cama. E queria saber o lado de vocês… O que é que a gente faz numa trepada que vocês não gostam (até porque, outro coisa de vocês homens: por que é que vocês não falam mais sobre sexo com a gente?)?”
Meninas, eu pensei e fui atrás da resposta com amigos.
Dessa pesquisa, extraí uma listinha.
Esta:
DEZ COISAS QUE MULHERES FAZEM ERRADO NO SEXO
1-PAU NÃO É DE PAU
Os homens mandaram avisar que vocês deveriam encarar o bastonete que eles trazem debaixo da cueca como aquilo que é: carne, pele, e não madeira e ferro. Um dos maiores traumas masculinos (e, de fato, vocês têm razão, meninas: homens aguentam isso calados) é encarar a mulher que vê o pau como se pau fosse. Aquelas que apertam, aquelas que puxam a chapeleta (conhecem a chapeleta? É a pelezinha que cobre a cabecinha) lááá pra baixo, aquelas que manejam como se abrissem um pacote de sorvete com a maior das pressas… Pois saibam, o sorvete derrete.
2- A COMPLEXIDADE DE UMA BROXADA
Moças, ainda na mesma cama temática, anotem: a cada 7 broxadas, 6 são culpa do universo. O que quero dizer com isso é que, quando um homem afrouxa, geralmente o motivo é um pacote de motivos. Tem um pouco a ver com algo que você fez e ela não gostou? Pode ser. Tem a ver com ele ter se decepcionado com você pelada (um medo, me sopram aqui as mulheres, que muitas de vocês têm)? Raramente. Homens são realmente meninos eternos, sempre numa empolgação maluca diante de uma nova nudez. Portanto, tem muito menos a ver com vocês do que parece. Sério, se tem uma coisa que irrita um rapaz é quando ele percebe que na hora em que ele falha, você, moça, tá mais preocupada com o que isso quer dizer sobre você, moça, do que com o tormento que é esse momento pra ele, moço. Ou seja, meninas, ou seja: quando ele falhar, saibam que provavelmente uma tonelada de coisas aconteceu num espirro (e saibam mais: às vezes, é mesmo um espirro d’alma: cansaço derruba poste. Não é necessariamente lorota do rapaz quando ele diz que tá nervoso, tenso, com vergonha. O motivo quase sempre é um desses aí mesmo, aliás). E saibam ainda mais que, quando ele falhar, outras duas toneladas de coisas e tristezas surgirão na cuca dele. Por dentro ele está menor e mais frouxo que o pinto.
+Fale com ele: Como levantar o assunto ménage à trois? Qual a melhor forma de falar das fantasias sexuais com o parceiro?
O sonho de um rapaz: uma parceira que na hora da pane, lide com a pane como ela é: aconteceu, resolvamos juntos, no tempo certo. Sem pressa, sem cara feia ou triste. Acontece com todo rapaz e é normalíssimo. Ah, sim: um adendo. Muitas vezes quando o cara goza rápido demais ou falha, isso é até uma espécie de elogio torto e mole: ele tá tão pilhado, com tanta vontade, ou tão impressionado, que o sistema aqui entra em colapso. Uma boa broxada é uma belíssima chance de viver uma belíssima alegria. Basta relaxar. Você e ele, aliás. Os dois.
PS: O RITMO DA TRANSA
Ao contrário do que muita gente pensa, nem todo homem gosta de uma trepada britadeira. A gente também curte devagarzinho, e rápido, e mais ou menos. Às vezes, depende do dia, uma coisa ou outra. Às vezes, depende do gosto, e a vontade é sempre a mesma. Às vezes, depende do encaixe com você. Enfim, depende. Agora, uma coisa complicada é você esquecer, como vou explicar no próximo item, que homens são capazes de gozar 45 segundos depois do primeiro beijo. E que a gente briga a paulada com a própria cuca pra coisa durar. Sobretudo quando é boa. E que, portanto, prestem atenção no nosso ritmo também. Quando a gente dá aquelas paradinhas no meio, nem sempre é cansaço. Às vezes é só um fôlego mental pra não desembestar numa subida linda ao pico da alegria melada aos 45 segundos do primeiro beijo.
PS2: MAIS UMA COISA SOBRE O RITMO DA TRANSA
Meninas, sei que algumas de vocês sentem mais prazer quando a trepada é num ritmo de bicadas de pica-pau. Uma coisa velocíssima, sem parar, por minutos. Mas saibam: isso aí é legal, a gente curte, mas isso também cansa, machuca as pernas, dói as costas, o pulmão cresce, os braços tremem. Não esqueçam disso: ao contrário daquela mágica maratonista dos filmes intensamente sensuais, na vida real há câimbra, torcicolo, estiramento e falta de fôlego. Nem sempre a trepada britadeira é a grande trepada. E tenham pena do rapaz se ela durar muito. Aceitem um descanso, se ele pedir. Mudem de posição também. Dividam o exercício. Arrisquem de mais jeitos.
3- GOZAR JUNTOS
Taí um mito. A gente, sei lá por qual diabo, inventou essa de que gozar junto é o ápice, o cume, a copa do mundo, o troféu, o rojão, o sinal de perfeição entre um casal. E querem saber? Groselhas! Quando a gente goza junto, daquele jeito especial e raro, é uma beleza, não nego, quero mais. Mas esqueçam dessa pressão. Se não der, não deu. Prometi lá em cima que ia explicar, agora explico: anotem: em geral, um homem é capaz de gozar literalmente 45 segundos depois de começar uma trepada. A nossa luta, a cada boa transa, é a luta de fazer a coisa durar um tempo bacana pros dois. Saibam disso, anotem de novo isso. Portanto, quando vocês quiserem gozar, gozem. Quando sentir que o ápice tá chegando, deixa ele saber, pra que o rapaz possa segurar ou liberar os ponteiros. Agora, quando você perceber que ele tá quase lá, fica tranquila também. Deixa rolar. Não sei por qual diabos a gente inventou que quando um goza primeiro as coisas meio que acabaram. O bom sexo começa, para, volta, dorme e acorda…
fale-erros2
4- O SILÊNCIO, O SONO, SOLIDÃO PÓS COITO
Um ponto delicadíssimo da alma masculina é este ponto 4. Eu sei que é duro de vocês aceitarem, mas muito homem, dependendo do dia, depois do sexo, nossa, bate um não sei o que, um não sei por que, um troço tão maluco: uma vontade de ficar sozinho, de ir embora, de dormir, de silenciar, como se o destino e o próximo passo dele pertencessem mais à lua do que àquela cama. Algum cientista certamente haverá de saber o motivo químico disso, mas saibam o motivo anímico: tem dias em que a gente fica mesmo estranho, quer ficar só. E não é por mal (tá, se for sempre, aí é malandragem. Só que muitas vezes, não é.).
5- SEXO EM ROTINA E COM PREGUIÇA
Tudo bem que no cartório, a frase aí de cima traz a nossa assinatura reconhecidíssima: homens são igualmente morosos e acomodados. Mas vamos dividir esta missão: tentemos, pois, não deixar as coisas esfriarem na repetição eterna da posição de sempre, da falta de vontade, de esperar do outro aquilo que não fazemos. Se tem uma coisa que entristece um homem é notar que a companheira entra na transa como se cumprisse um ritual: o mesmo papai-e-mamãe semanal, ou a posição que for mais confortável pra você toda vez; a pouca empolgação, a pouca surpresa, a pouca iniciativa.
+Fale com ele: Por que alguns homens ficam estranhos, calados ou querem ir embora depois do sexo?
A gente sente quando sabe que você sabe que gostamos de tal coisa, e a tal coisa nunca mais aparece na cama. E mais, moças: homens, ao contrário do que muita gente boa imagina, gostam de iniciativa. Gostam de perceber uma taradice vinda da sua parte, de vez em quando ou toda vez. Tenho um amigo. O sonho dele é que a namorada um dia repita uma manhã em que ela o acordou com a boca dela nos baixios dele. Ele não esperava, ele adorou aquilo, ele nunca mais viveu aquilo.
Claro, todo mundo pode ser razoável e entender o básico do mundo: nem sempre dois querem as mesmas coisas ao mesmo tempo. Mas quando há exagero no desacordo, na distância dos quereres, na apatia, a gente aqui sofre. Vocês aí sofrem.
6- BEIJO MECÂNICO
De novo, tem muito homem que faz isso também, então podem ficar tranquilas, uma fatia desse problema é nosso. Mas tem poucas cosias mais morrinhas do que a mulher que beija com preguiça. Sabe? Aquele beijinho de quem beija a testa de uma estátua. Ah, moças, todo rapaz sente falta daquele beijo cheio de profundidades, como se vocês estivessem selando uma carta com a língua. Não desistam desse beijo.
7- NÃO AVISAR
Se tem uma coisa que você precisam saber é que, na cama, a gente só finge controle. Todo homem, no fundo, é perdidaço quando amassa o lençol. Ele não faz ideia se você tá realmente gostando, quanto tempo falta pra você chegar lá,  se é que você vai; e se você curte mais assim ou se tá ficando assado.
O lance: a gente tenta, de todo jeito, ler o que você diz e o que você não diz. Mas o ponto é que não fazemos ideia, em mais de um sentido, qual é a língua feminina do sexo. Todo homem é quase um analfabeto sensual. E cada um de nós sente vergonha disso.
+Fale com ele: Tenho dificuldades para gozar com penetração. Finjo que chego lá ou não?
Mas vocês podem ajudar com esse idioma tão estrangeiro. Homem não se incomoda quando é avisado de uma gozada iminente. Ao contrário, ele gosta. E, mais ainda, homem não se incomoda se você explicar pra ele que quando você diz que a gozada é iminente, ele não precisa imitar o filme pornô (essa grande e fajutíssima escola masculina) e acelerar os movimentos como se fosse um DJ André Marquesiano num frenesi de toca-discos praiano. Explica pra gente que é só manter o ritmo. Fala gemendo. Geme falando. Mostra qual que é o caminho, o que funciona, o que é desastre.
8- O SILÊNCIO
Meninas, a gemida tá liberada. Falar besteira é legal. Não ter vergonha é uma felicidade. Evidentemente, fazer tudo isso como se fosse uma performance, não precisa. Homens sentem quando vocês fingem. Mas quando vocês tiverem vontade de soltar o grito, falar um monte de coisa só com vogais, pedir não sei o quê, peçam, digam, soltem, gritem. Não tem coisa mais medonha que mulher que não reage, não emite sinal. Não tem coisa mais legal do que mulher que se entrega praquilo que quer. A gente embarca feliz.
9- NOJO
Tá, eu sei que tem universos todos de homens que também exibem a mais bisonha das travas: o nojinho de fazer isso ou aquilo. Mas também tem muita moça que faz o mesmo. Meninas, meninos: sexo é melado, suado, é pouca coisa diferente, em termos de cheiros, do que jogar uma pelada ou participar de uma maratona. Evidentemente, a higiene básica é exigência básica. Mas tem pouca coisa mais medonha do que o pessoal que exagera, que esquece que, diabos, sexo é o contato mais próximo, íntimo e cremoso entre dois corpos. Cheiro faz parte. Nojo não.
10- MEDO
Meninas, essencialmente, o maior medo dos homens é perceber que vocês não estão com tanto medo do que eles. E a verdade, eu sei, é que você também estão. Eis a grande ironia das coisas: fingindo rir, fingindo segurança, aqueles dois corpos pelados ali escondem um mundo todo de vontades e possibilidades e inseguranças.
Agora, a solução é mole e dura: basta a gente aceitar que sexo pode ser atrapalhado e pode ser tudo mais: pode ser bom, pode ser ruim, estranho, perfeito, inesquecível ou bizarro. Porque na vida, meninas, vejam só que coisa: tem dias que ela, a vida, é boa, mas tem dias que ela, a vida, é ruim, bizarra, torta, fácil, inesquecível…
+Fale com ele: Qual a frequência sexual ideal? A ciência descobriu e você vai gostar
Enfim, quero dizer que se a gente entrar numa trepada aceitando que não sabe, aceitando que aquele encontro ali é único, que é uma conversa meio muda, meio falada, meio suada entre duas pessoas conhecendo e dividindo aquele momento, isso pode ser a coisa mais divertida do mundo.
Desde que não depositemos no outro os temores que são nossos, desde que dividamos com o outro aquela história contada ali de cima por suores, dedos, extremidades, línguas e gemidos, desde que não esqueçamos disso tudo, se a gente se permite a fazer o que quer, a pedir o que quer, a ouvir o outro, a embarcar na onda do outro, puxa vida, que coisa torta, estranha e maravilhosamente sem igual é o sexo.
Não tenham medo de pedir e de fazer aquilo que o outro, dando abertura, conversando com palavras ou vogais, topa fazer. Façam. Cada trepada é sempre uma história. Basta querer ouvir e contar e escrever e repetir e falhar e tentar e mudar.
Sexo é só sexo.
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Quero transar com outras pessoas, mas não quero me separar. O que eu faço?

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Cena do filme "Os Sonhadores", de Bernardo Bertolucci, de 2003
Cena do filme “Os Sonhadores”, de Bernardo Bertolucci, de 2003
Meninas, a vida, sem um pingo de dúvidas no meio do caminho, é qualquer coisa. Quem respira – você e eu – precisa escolher. Não há moleza na vida. Olhar prum lado é deixar de ver tudo o que está ali pela nuca. Uma girada qualquer contém a escuridão daquilo que abrimos mão de enxergar.
Esse, moças, é o tom da dúvida de hoje:
“João, eu sou tipo casada há 5 anos. De uns tempos pra cá, eu venho sentindo muita falta de transar com gente diferente. Eu acho que todo casal, de algum jeito, enfrenta essa sombra. Mas comigo o negócio está bem forte. Eu sei também que é um clichê, mas a coisa que mais bate é que eu tou com saudade daquela trepada sem preguiça, das surpresas, do fôlego que dura a noite toda, de ouvir uma gemida diferente… Sei lá. Eu sei que todo mundo vai no mínimo lembrar como é um pouco viciante aquela sensação de novidade.
Mas aí eu olho pro lado e vejo o amor da minha vida…
João, ele é o homem da minha vida. Amo, gosto, companheiro, transa legal… Só que não consigo tirar de mim essa vontade de experimentar mais coisas… Como é que a gente lida com isso? Como é que a gente não se sente um verme com isso? Por que é que as coisas são assim? Eu sei que se descobrisse nele esse mesmo impulso, acho que me incomodaria. Ou talvez não agora, já que sinto a mesma vontade. Mas é confuso. Estou bem confusa. Queria entender se existe alguma possibilidade de ter as duas coisas… E que escolhe eu deveria fazer, caso não haja?”
AS MUITAS ESCOLHAS A CADA ESCOLHA
Meninas, a escolha certa eu não sei dizer. Nem acho que exista. Mas eu sei entender o impulso que moveu ao teclado o dedinho de moça aí de cima. Difícil a questão. Porque tirando todos os preconceitos e juízos dessa moralidade meio de fantasia que a gente abraça e amarra ao amor, a verdade é que a carta acima, em algum momento, diz, disse e dirá muitas coisas a cada um de nós. Todo mundo aqui e aí já foi um pouco essa carta.
Eu poderia até me repetir ali em cima e dizer que vida é escolha. Então, basicamente, se você quiser a resposta básica, ela seria: escolha. Decida. Não dá pra ter tudo. Uma coisa ou outra.
Mas talvez, pensando bem, a solução pode se encontrar num meio do caminho. Talvez exista outras e novas formas. Talvez dê pra ter uma coisa e outra. Sei lá, eu talvez queira dizer hoje algo um pouco diferente.
Talvez, por fim, eu queira mesmo é levantar a tampa e deixar sair um pouco do que há escondido nesse pote chamado amor.
O QUE É CERTO, O QUE É ERRADO?
Eu acho, moças, que a gente criou uma bela e dolorida armadilha quando a gente criou essa imagem do amor que dura pra sempre. Ou melhor, quando a gente criou essa imagem do amor que é sorriso, exclusividade e conexão eterna. Assim, tudo o que não for isso, é fracasso.
Ao criar o amor perfeito nós nos condenamos ao fracasso perfeito. Nunca fracassamos em fracassar.
Nossa história é a história de desejar o máximo fazendo o mais ou menos.
Porque, pra completar, nós acreditamos que amor é posse. Achamos que é um acerto entre duas pessoas em que cada uma das partes espera do outro aquilo que ela, no fundo, imagina ser o outro. E é assim que começamos a naufragar: ninguém pode cumprir o ideal que esperamos do parceiro. Ele sempre será a sombra daquilo que imaginávamos que fosse. Ele sempre será uma farsa, um engano. Depositamos, assim, no nosso amor um fiasco que, no fundo, é culpa nossa.
O ponto é que estes nossos tempos, cheios de dúvidas, golpes que a vida nos dá, e redes sociais como um espelho daquilo que gostaríamos de ser; estes tempos deixaram tudo meio com cara de um teatro em que dá pra ver lá atrás o ator se maquiando. Cada dia mais o amor perfeito tem a cara do photoshop mal feito.
UMA FIDELIDADE DE ARAQUE
Meninas, você e eu nascemos acreditando num amor ideal que parece, cada dia mais, um amor meio fajuto, irreal, dolorido. Exigimos do outro aquilo que não queremos nem podemos dar ao outro.
Evidentemente, nas fases em que as coisas vão bem, em que a gente se sente inteiro ao lado do outro, qualquer coisa além disso soa como bobagem e fraqueza. Ficamos ofendidos diante de qualquer desconfiança sobre a perenidade do casal. Mas se nós somos essas pessoas seguras às vezes, nós certamente voltaremos a ser as pessoas que duvidam daquilo ali mais tarde.
A gente duvida da gente o tempo todo, garotas. Nossa vida é ciclo, alto e baixo, mais baixo que alto.
Somos mil e dois. Às vezes no mesmo dia.
O que eu quero dizer com isso é que em algum momento vamos chegar a uma crise existencial de amor. Vamos ter de encarar isso. Vamos precisar repensar se essa coisa de que amor é um contrato de almas que se encontram ainda vale. Será possível, num mundo de Tinders, Snapchats, nudes e ZapZaps secretos, crer que o amor é só essa coisa Doriana, estável, ensolarada? Ou será que o amor, apesar de Tinders, nudes, Snaps e Zaps, será a única força capaz de resistir a todo tipo de tentação da carne?
Eu não sei ainda dizer. Talvez nunca saiba. Mas gosto de acreditar que o amor é as duas coisas, depende do dia, do mês, da fase.
Por isso, diante da confusão sem fim, alguns conselhos práticos.
CINCO CONSELHOS
O primeiro deles: cada casal sabe o acordo que funciona e não funciona. Se não sabe, deveria descobrir. Às vezes, esses acordos são silenciosos. Tenho um amigo que gosta de contar o seguinte: ele e a mulher nunca disseram isso às claras, mas aos poucos, em tom de brincadeira, combinaram algo sério. Basicamente o acerto deles é: cada um faz o que quer, desde que faça dum jeito a não deixar o outro saber o que fez. O que o olho e o ouvido não sabem, o coração não sofre.
O segundo conselho: tente entender e respeitar o olhar do parceiro em relação ao tema fidelidade. Se o que você sente fere aquilo que o outro espera de você, o ideal é você aceitar isso e partir pra carreira solo, sob o risco de machucar a si mesma e ao parceiro depois. Depositar no outro uma mudança que deveria ser sua é covardia.
O terceiro conselho: se o casal tiver uma liberdade mais evoluída, vale conversar. Uma dúvida é uma dúvida. E pode ser resolvida a dois. Talvez esteja na hora de a gente parar de fazer como as crianças fazem: tapar os ouvidos e os olhos pra o fato de que todos nós, sem exceção, em menor ou maior intensidade, em algum momento, pensará ou sentirá algo por alguém diferente, novo. E se assim é, por que um casal mais aberto não poderia ao menos discutir a respeito?
O quarto conselho: se o desejo de pular a cerca for incontornável, às vezes é melhor abrir oficialmente a porteira, conversando com o parceiro, pedindo um tempo, terminando, investigando esse desejo. É pesado, rende uma confusão dos diabos, mas deixa as coisas às claras. Evidentemente, no mundo ideal, a gente poderia voltar pro antigo amor quando o desejo esfriasse. O amor esperaria. Evidentemente, quase nunca isso acontece. Mas, enfim, talvez esse tipo de sinceridade seja inescapável.
O último conselho: uma amiga já me disse que quando ela realmente sente um tesão incontrolável, ela vai lá e faz, mais ou menos na linha do que o meu amigo do conselho número um faz: a única regra que ela se impôs (porque ela nunca nem sugeriu isso ao namorado) é ser discreta e não deixar o companheiro saber. Em troca, ela também finge que tudo bem qualquer desconfiança que ela tiver em relação a ele. Ou seja, ela diz que se tornou mais leve. Ela matou o ciúme no relacionamento. Explica a amiga que depois de começar a fazer isso, o namoro se tornou mais leve um paraíso de água calmas (antes era tenso e por um fio). Claro, às vezes bate o medo de que ela seja descoberta. Mas tem dias que ela desconfia que ele até sabe, mas viu que esse arranjo manteve os dois juntos e felizes. A santa e conveniente ignorância.
Portanto:
Não há solução. Eu sou a favor dos arranjos possíveis e de viver as confusões a pleno. Acho que o amor foi criado pra ser irreal e ser descoberto. Que entre duas pessoas cabe qualquer acerto. E desacerto. Porque o amor, no fim, ao ser insanamente confuso e com uma aura de eternidade, preenche a nossa vida, numa jornada sem fim rumo a uma coisa sem fim. Isso também é libertador: porque o certo e o errado dependem muito.
Se estamos fadados a falhar, estamos fadados a começar de novo.
Meu ponto: não machuque o parceiro. Se o seu desejo é muito forte, e você sabe que o seu namorado não toparia o jogo de ciscar aqui e ali, seja forte, não machuque o sujeito. Amor da vida ou não. Porque cuidado: às vezes a carta “amor da vida” é só um macete pra gente não abrir mão de alguém. É egoísmo.
Seja levando as coisas em silêncio seja puxando o fôlego, terminando o relacionamento e vivendo a aventura que for pra viver, é você quem decide.
Amor da vida ou não, a vida é isso, 50% de nada, 50% de tudo.
A fórmula de um é o erro do outro. Cada casal contém a própria solução.
Arrisca.

http://colunas.revistamarieclaire.globo.com/falecomele/2016/05/21/quero-transar-com-outras-pessoas-mas-nao-quero-me-separar-o-que-eu-faco/
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