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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

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Luisa Torreão, do A TARDE


A festa cívica do 7 de Setembro ainda está no imaginário de dona Wilma Freire, 80 anos, moradora do Campo Grande – bairro de onde sai o desfile comemorativo pelos 187 anos da Independência do Brasil, que segue até a Praça Castro Alves.

Desde mocinha, como ela conta, frequentava os festejos, que ainda hoje relembram o famoso grito do Ipiranga, quando dom Pedro I teria declamado, às margens do rio paulista, a célebre frase “Independência ou morte”. Hoje, devido à idade, Wilma deixou de ir ao desfile, mas não de admirar a tradição.

 “Eu acho a parada muito bonita”, afirma, referindo-se à marcha das tropas da Marinha, do Exército, da Força Aérea, dos ex-combatentes, das polícias Militar e Rodoviária, além de estudantes e outros participantes oficiais. “É um incentivo aos baianos, uma forma de conhecer a nossa história”, observa.

O Campo Grande, afinal, amanhece nesta segunda palco da representação dessa história, mantendo acesa a chama da memória cívica brasileira. Por lá, desde ontem, quando iniciaram-se o preparativos, banners ornamentam postes ao longo de toda a Av. Sete até a Ladeira do São Bento.

Ao todo, foram espalhados 44 desses elementos, ilustrados por um girassol amarelo sobre um círculo verde contornado pelas cores vermelha, azul e branca. Já na Praça Campo Grande, a decoração fica por conta de um palanque de cerca de 20 metros, montado desde a manhã de ontem,  onde as autoridades vão se reunir nesta segunda.

A concentração para o desfile começa às 9 horas, no Corredor da Vitória, onde o comandante da 6ª Região Militar e o governador Jaques Wagner passam as tropas em revista. Em seguida, o hasteamento das bandeiras e a execução do Hino Nacional ocorrem no passeio em frente ao palanque. Do desfile, participam cerca de 3.200 integrantes das Forças Armadas e outros 1.500 civis, entre estudantes, associações e entidades diversas.

Memória

“A data nos lembra de como tudo começou, a nossa luta, as nossas conquistas. É importante manter essa tradição”, declara o soldado Josiceli Macedo, 29 anos, que há seis anos participa dos festejos da Independência. Para o recruta Gildásio Batista, 19, que estreia no desfile, o Exército tem esse papel de conservar a memória histórica, que ele acredita “nunca irá acabar”.

Se depender de Luciana Maria de Jesus, 33, o seguimento será dado. E é por isso que ela nesta segunda leva a filha de 7 anos para conhecer um pouco da história do País, como a mãe costumava fazer quando ela era criança. “Hoje em dia, as pessoas não estão mais dando importância, mas quero que ela possa passar isso para os filhos dela, como minha mãe fez comigo”, diz.

Mas nem todo mundo vê a festa cívica do mesmo jeito. Para a estudante Mayra Gomes, 24, o dia 7 de Setembro não passa de uma data no calendário. “Para mim, é só mais um feriado. Eu não acompanho nada”, admite.

Ela conta que chegou a participar do evento ainda menina, quando morava na cidadezinha de origem, Conceição do Almeida, mas perdeu o interesse ao vir morar em Salvador, há cerca de 13 anos.

Memória

A Independência do Brasil não se resume ao grito do Ipiranga. Considerada por alguns historiadores não mais do que um acordo de interesses entre elites, ela enfrentou um processo lento, iniciado desde a transferência da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, e intensificando-se com a partida de dom João VI, em 1821. Foi a partir daí, com dom Pedro I nomeado príncipe regente do Brasil, que as forças antagônicas entre império e colônia começaram a se chocar mais fortemente. Em 1822, a assembleia da corte lusitana enviou um documento exigindo o retorno do príncipe a Portugal. Apesar da ameaça de invasão militar, dom Pedro levou a briga adiante.

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