Nada mais apropriado do que o sentimento de culpa pela comilança e pela gastança natalinas para servir de combustível para as promessas de final de ano. Emagrecer e economizar dinheiro estão entre as mais comuns. Tem também os interessados em parar de fumar. E são tantos que o serviço inglês de saúde pública (NHS) decidiu lançar justamente agora, entre o Natal e o Ano Novo, um kit para ajudar quem quer entrar 2010 sem o cigarro.
Eu mesma estou tentada a embarcar nas duas primeiras, depois de mais um ano sedentário e com quilos a mais, e talvez em pelo menos mais duas outras.
A primeira é a de continuar estudando. Depois de quase três meses com muitos livros em prazerosas horas na biblioteca, decidi que, não importa a correria ou o cansaço do dia a dia, eu preciso arranjar um tempinho para ler mais, para aprender coisas novas e me desafiar.
A segunda promessa é arranjar um hobby. Encontrar uma coisa que eu goste de fazer e que não tenha nenhuma utilidade. Jogar golfe, fazer ponto-cruz, pintar, tocar um instrumento, qualquer coisa que não tenha nenhuma relação com o jornalismo, com o trabalho. Aliás, leitores e leitoras, aceito sugestões!
Mas, pensando bem, nem sei há quantos anos faço essas mesmas promessas – sem sucesso. Você também sente que, embora cada ano seja novo, algumas promessas sempre se repetem? Por um lado, é bom: significa que a nossa esperança se renova. Por outro, é ruim: nos lembra do nosso fracasso em cumprir as resoluções de final de ano.
Conheço pouquíssimas pessoas que realmente mudaram de vida depois de uma promessa de Réveillon. No máximo vi um janeiro mais light e com mais exercícios físicos. Mas já vi algumas pessoas mudarem de vez, de repente. Um belo dia, que não era o primeiro de janeiro, meu pai decidiu emagrecer. Perdeu 30 quilos. E ele é só um exemplo. Aposto que vocês conhecem muitos outros.
E parece que há razões biológicas para esse fenômeno. Em um artigo para o Wall Street Journal, John Lehrer, autor do livro Como tomamos decisões, diz que a chance de ser bem-sucedido em uma promessa cai quanto maior a quantidade de promessas que queremos cumprir. A explicação científica é que o córtex pré-frontal, que cuida da nossa força de vontade, é super ocupado: atua também na formação de memória de curto prazo, na concentração e na resolução de problemas abstratos. É por isso que, depois de um dia sobrecarregado no trabalho, ficamos mais tentados a comer aquela pizza em vez da salada. Nosso cérebro está cansado demais para fazer a escolha certa. Pela mesma razão, não é uma boa ideia, por exemplo, tentar parar de fumar e emagrecer ao mesmo tempo.
Lehrer sugere que o melhor a fazer é espalhar as promessas ao longo do ano. Poderíamos fundar aqui um novo calendário de promessas, com uma na Páscoa, outra no São João e uma até no dia da Independência do Brasil! O que vocês acham?
Outro truque para se sair melhor, segundo o artigo, é “treinar a força de vontade”: os estudos apontam que começar com objetivos simples, como melhorar a postura corporal, pode ajudar a atingir metas mais ambiciosas, como emagrecer ou parar de fumar. Disciplina também se aprende.
Diante de todas as evidências, as pessoais e as científicas, a melhor promessa para 2010 é deixar as promessas de lado. E que todos nós, com o cérebro descansado, possamos dar conta dos nossos sonhos e desejos ao longo do ano, com a paciência que muitas vezes nos falta e a esperança que nunca nos abandona, para chegar em 2011 com sonhos e desejos novos.
A todos os leitores e às minhas colegas do Mulher 7×7, muito obrigada pela ótima companhia em 2009! Que 2010 seja um ano com menos promessas, mas muito mais realizações!
Eu mesma estou tentada a embarcar nas duas primeiras, depois de mais um ano sedentário e com quilos a mais, e talvez em pelo menos mais duas outras.
A primeira é a de continuar estudando. Depois de quase três meses com muitos livros em prazerosas horas na biblioteca, decidi que, não importa a correria ou o cansaço do dia a dia, eu preciso arranjar um tempinho para ler mais, para aprender coisas novas e me desafiar.
A segunda promessa é arranjar um hobby. Encontrar uma coisa que eu goste de fazer e que não tenha nenhuma utilidade. Jogar golfe, fazer ponto-cruz, pintar, tocar um instrumento, qualquer coisa que não tenha nenhuma relação com o jornalismo, com o trabalho. Aliás, leitores e leitoras, aceito sugestões!
Mas, pensando bem, nem sei há quantos anos faço essas mesmas promessas – sem sucesso. Você também sente que, embora cada ano seja novo, algumas promessas sempre se repetem? Por um lado, é bom: significa que a nossa esperança se renova. Por outro, é ruim: nos lembra do nosso fracasso em cumprir as resoluções de final de ano.
Conheço pouquíssimas pessoas que realmente mudaram de vida depois de uma promessa de Réveillon. No máximo vi um janeiro mais light e com mais exercícios físicos. Mas já vi algumas pessoas mudarem de vez, de repente. Um belo dia, que não era o primeiro de janeiro, meu pai decidiu emagrecer. Perdeu 30 quilos. E ele é só um exemplo. Aposto que vocês conhecem muitos outros.
E parece que há razões biológicas para esse fenômeno. Em um artigo para o Wall Street Journal, John Lehrer, autor do livro Como tomamos decisões, diz que a chance de ser bem-sucedido em uma promessa cai quanto maior a quantidade de promessas que queremos cumprir. A explicação científica é que o córtex pré-frontal, que cuida da nossa força de vontade, é super ocupado: atua também na formação de memória de curto prazo, na concentração e na resolução de problemas abstratos. É por isso que, depois de um dia sobrecarregado no trabalho, ficamos mais tentados a comer aquela pizza em vez da salada. Nosso cérebro está cansado demais para fazer a escolha certa. Pela mesma razão, não é uma boa ideia, por exemplo, tentar parar de fumar e emagrecer ao mesmo tempo.
Lehrer sugere que o melhor a fazer é espalhar as promessas ao longo do ano. Poderíamos fundar aqui um novo calendário de promessas, com uma na Páscoa, outra no São João e uma até no dia da Independência do Brasil! O que vocês acham?
Outro truque para se sair melhor, segundo o artigo, é “treinar a força de vontade”: os estudos apontam que começar com objetivos simples, como melhorar a postura corporal, pode ajudar a atingir metas mais ambiciosas, como emagrecer ou parar de fumar. Disciplina também se aprende.
Diante de todas as evidências, as pessoais e as científicas, a melhor promessa para 2010 é deixar as promessas de lado. E que todos nós, com o cérebro descansado, possamos dar conta dos nossos sonhos e desejos ao longo do ano, com a paciência que muitas vezes nos falta e a esperança que nunca nos abandona, para chegar em 2011 com sonhos e desejos novos.
A todos os leitores e às minhas colegas do Mulher 7×7, muito obrigada pela ótima companhia em 2009! Que 2010 seja um ano com menos promessas, mas muito mais realizações!
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