Bruno Ferrari
Ele obedece com rapidez ao movimento dos dedos e usa os padrões mais novos da internet, que permitem abrir páginas com animações e vídeos em flash (dando um jeito numa das maiores frustrações para a navegação pelo celular hoje em dia). Ele vem com quase todos os programas mais usados do Google pré-instalados – é só usar o mesmo login e senha da internet e começar a navegar. Tudo o que você faz no celular é sincronizado em tempo real com o computador, e vice-versa. E com apenas um toque você tem acesso a uma loja virtual com 10 mil programas para instalar no telefone, boa parte deles de graça. Com todas essas qualidades, poderá o Android 2.0, a nova versão do sistema operacional do Google, desbancar o iPhone? Será que a Apple corre o risco de sofrer para o Google, no mercado dos smartphones, a mesma derrota que sofreu há duas décadas para a Microsoft, no mercado dos computadores? Em 1984, o Macintosh era imponente no mercado de computadores: tratava-se de um pacote de máquina e sistema operacional capaz de rodar programas desenvolvidos com exclusividade para ele. Aí surgiu o Windows, de Bill Gates, um sistema capaz de funcionar em computadores de diferentes fabricantes. Com sua estratégia de licenciamentos, Gates rapidamente conquistou mais de 90% do mercado. O iPhone tem o mesmo conceito do Macintosh. E o Android, a mesma estratégia do Windows. É um sistema aberto, que pode ser instalado em qualquer celular – ou mesmo em tocadores de música e câmeras digitais. A livraria Barnes & Noble anunciou que fabricará um leitor eletrônico com o Android e já existem protótipos de netbooks com ele. Um sistema tão versátil tem chance de se tornar padrão no mercado de eletrônicos.
O Google Phone 2.0 |
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ÉPOCA testou com exclusividade o Milestone, da Motorola, equipado com a nova versão do Android |
O Milestone também é bom – sua tela é maior que a do iPhone e ele tem uma câmera de 5 megapixels, capaz de fazer filmes com a mesma resolução de um DVD. Mas vamos supor que eu não tivesse gostado. Aí está a vantagem do sistema aberto. Até o final de 2010, segundo a consultoria americana Gartner, haverá mais de 40 modelos com o Android, de diversos fabricantes. Pelo menos cinco deles já estarão disponíveis no Brasil neste Natal.
Mas não conte ainda com a derrota da Apple. Seu presidente, Steve Jobs, aprendeu uma ou duas coisinhas nestes 20 anos. Uma das principais foi incentivar terceiros a desenvolver programas para ele. A App Store, loja on-line para programas de iPhone, tem cerca de 100 mil programas, dez vezes mais que o Google Market Place, para Android. A Apple também não tem de lidar com a ambição das operadoras de celulares. A Dell, por exemplo, lançou no Brasil o Mini 3i, seu primeiro smartphone, sem acesso à loja do Google. Em vez disso, fechou parceria com a operadora Claro – que tem muito menos aplicativos a oferecer. Parcerias assim, a Apple nunca admitiu. É uma das principais razões para ela ter crescido de zero para quase 20% do mercado em apenas dois anos.
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