Encontro aconteceu no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e apontou soluções para que o patrimônio linguístico dos mais diferentes povos não desapareçam
Danilo Casaletti
O Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, promoveu nesta segunda-feira (14) um debate com especialistas nacionais e internacionais para discutir a importância da preservação e da disseminação de línguas que correm risco de extinção. O encontro faz parte do II Seminário Global sobre Diversidade Linguística, Globalização e Desenvolvimento, uma iniciativa da Linguamón – Casa das Línguas de Barcelona, na capital da Catalunha, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, e conta com o apoio da Representação da UNESCO no Brasil.
O painel da tarde desta segunda debateu o multilinguismo nas Américas e reuniu o professor de língua portuguesa da Universidade de São Paulo (USP), Waldermar Ferreira Neto e o educador peruano Luis Enrique López, da Universidade Mayor de San Simon, em Cochabamba, na Bolívia.
Segundo Ferreira Neto, há cerca de 180 línguas nativas no Brasil, aquelas empregadas por povos indígenas antes do contato com o povo ocidental. Atualmente, apenas 400 mil pessoas falam essas línguas.
Para ele, para que essas línguas não desapareçam em um curto espaço de tempo, é preciso que o Estado tenha o interesse e a iniciativa de reconhecê-las. “O Brasil se relaciona muito bem com a cultura e a língua de outros países, mas não sabe se relacionar com as línguas do seu próprio povo”, afirma.
Como exemplo, Ferreira Neto cita a difícil relação dos índios com os governos. “É sempre o índio que tem que aprender a falar o português para se relacionar com o Estado”. A solução, segundo ele, seria a governo reconhecer a cultura desses povos e capacitar agentes para se comunicar com eles em suas línguas nativas.
Ferreira Neto diz que uma das iniciativas mais bem sucedidas até o momento é a da prefeitura de São Gabriel da Cachoeira, no noroeste do Amazonas, que oficializou três línguas nativas da região, o Nheengatu, o Tukano e o Baniwa. A população do município é de cerca de 85% indígena.
Para López, há três desafios principais na preservação das línguas indígenas no continente. O primeiro é promover um maior uso delas na educação formal e informal, ou seja, elas precisam ser ensinadas em escolas e faladas por seus povos.
Em segundo lugar, é importante que os meios de comunicação façam o uso dessas línguas na TV, no rádio, imprensa escrita e cinema. “É preciso dar apoio às rádios comunitárias, por exemplo, que fazem suas programações usando a língua da região. Elas servem para ensinar e conscientizar as pessoas da importância da preservação do patrimônio linguístico”, diz López.
Por fim, López diz que os governos precisam trabalhar em conjunto com as organizações indígenas para que essas línguas não caiam em desuso. “Ao deixarmos que essas línguas desapareçam, estaremos perdendo uma parte importante de nossa história construída através de milhares de anos”, diz.
O painel da tarde desta segunda debateu o multilinguismo nas Américas e reuniu o professor de língua portuguesa da Universidade de São Paulo (USP), Waldermar Ferreira Neto e o educador peruano Luis Enrique López, da Universidade Mayor de San Simon, em Cochabamba, na Bolívia.
Segundo Ferreira Neto, há cerca de 180 línguas nativas no Brasil, aquelas empregadas por povos indígenas antes do contato com o povo ocidental. Atualmente, apenas 400 mil pessoas falam essas línguas.
Para ele, para que essas línguas não desapareçam em um curto espaço de tempo, é preciso que o Estado tenha o interesse e a iniciativa de reconhecê-las. “O Brasil se relaciona muito bem com a cultura e a língua de outros países, mas não sabe se relacionar com as línguas do seu próprio povo”, afirma.
Como exemplo, Ferreira Neto cita a difícil relação dos índios com os governos. “É sempre o índio que tem que aprender a falar o português para se relacionar com o Estado”. A solução, segundo ele, seria a governo reconhecer a cultura desses povos e capacitar agentes para se comunicar com eles em suas línguas nativas.
Ferreira Neto diz que uma das iniciativas mais bem sucedidas até o momento é a da prefeitura de São Gabriel da Cachoeira, no noroeste do Amazonas, que oficializou três línguas nativas da região, o Nheengatu, o Tukano e o Baniwa. A população do município é de cerca de 85% indígena.
Um desafio pata todo o continente americano
Para o sociolinguista Luis Enrique López, da Universidade Mayor de San Simon, em Cochabamba, na Bolívia, a participação do povo indígena na política e na sociedade vem crescendo nas últimas duas décadas, sobretudo na Bolívia e na Guatemala, que abrigam as maiores populações indígenas do continente americano. Para López, há três desafios principais na preservação das línguas indígenas no continente. O primeiro é promover um maior uso delas na educação formal e informal, ou seja, elas precisam ser ensinadas em escolas e faladas por seus povos.
Em segundo lugar, é importante que os meios de comunicação façam o uso dessas línguas na TV, no rádio, imprensa escrita e cinema. “É preciso dar apoio às rádios comunitárias, por exemplo, que fazem suas programações usando a língua da região. Elas servem para ensinar e conscientizar as pessoas da importância da preservação do patrimônio linguístico”, diz López.
Por fim, López diz que os governos precisam trabalhar em conjunto com as organizações indígenas para que essas línguas não caiam em desuso. “Ao deixarmos que essas línguas desapareçam, estaremos perdendo uma parte importante de nossa história construída através de milhares de anos”, diz.
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