Nova vacina criada por cientistas americanos está pronta para ser usada em testes em humanos. Em camundongos, seu efeito dura até 13 semanas
REDAÇÃO ÉPOCA

Vacina conseguiu criar anticorpos para a cocaína em camundongos
No estudo, publicado no dia 4 de janeiro na edição online do Molecular Therapy, do Instituto Naciona de Abuso de Drogas dos EUA, os cientistas dizem que esta nova estratégia pode ser a primeira a oferecer aos dependentes de cocaína uma forma bastante simples de interromper e reverter este hábito nocivo. Além disso, a vacina pode ser útil no tratamento de outros tipos de droga, como nicotina, heroína e outros opiáceos.
Segundo o líder do estudo, Ronald G. Crystal, diretor e professor da medicina genética do Weill Cornell Medical College, os anticorpos produzidos em camundongos pela vacina se ligam, e sequestram, as moléculas de cocaína antes que a droga chegue ao cérebro desses animais – e impede qualquer hiperatividade relacionada à cocaína. O efeito da vacina dura até 13 semanas – o maior dos prazos analisados.
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"Já houve outras tentativas de produzir imunidade contra a cocaína, mas esta é a primeira vez que o método não irá exigir várias e caras infusões, e que pode ser rapidamente testado em humanos", diz Crystal afirma. "Atualmente, não há qualquer vacina aprovada pelo FDA (Food and Drug Administration) para vício em drogas", afirma o médico. - »Consumo de droga é maior em escola privada, diz pesquisa
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A novidade deste tratamento é que ele ombina uma substância química que tem estrutura muito semelhante à da cocaína a componentes do adenovírus, do resfriado comum. Desta forma, o sistema imunológico recebe um alerta para um agente infeccioso (o vírus), mas também aprende a "enxergar" a cocaína como um intruso. Naturalmente, o corpo não vê a cocaína como algo a ser destruído – assim como todas as drogas de moléculas pequenas, que também não são eliminadas pelos anticorpos.
Uma vez que a estrutura do novo intruso (semelhante ao narcótico) é reconhecida, o sistema imunológico cria anticorpos para ela, e, portanto, para a droga. Depois disso, a qualquer momento que a cocaína é aspirada ou admministrada de outra forma, esses anticorpos são rapidamente produzidos e agem sobre as moléculas da droga, que são englobadas e impedidas de chegar ao cérebro.
Os pesquisadores injetaram bilhões desse combinado em camundongos e encontraram uma forte resposta imunológica gerada contra a vacina. Quando estes anticorpos foram colocados em tubos de ensaio, englobaram cocaína.
Em seguida, eles testaram o efeito da vacina sobre o comportamento, e descobriram que camundongos que a receberam antes da cocaína ficaram muito menos hiperativos do que aqueles que não foram vacinados. O efeito foi visto até mesmo nos animais que receberam grandes doses repetidas de cocaína. Essas doses refletem, proporcionalmente, as mesmas quantidades que os humanos podem usar.
Crystal prevê que, se a vacina funcionar em testes humanos, terá melhor resultado em pessoas que já são viciadas em cocaína e que estão tentando parar de usar a droga.

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