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terça-feira, 8 de março de 2011

Tia, me dá uma fruta?

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As crianças também comem longe de casa. Para evitar que a alimentação desande, o segredo é ensiná-las a escolher
FRANCINE LIMA
Filipe Redondo/ÉPOCA
OPÇÃO
Ana Beatriz Medraño, de 2 anos (à dir.), janta com os colegas na escolinha Free World. Comer fora de casa pode ser muito saudável
Na Escola Carlitos, em São Paulo, os alunos do segundo período do ensino fundamental têm frutas de graça à disposição todos os dias: maçã, amora, caqui, goiaba... Segundo a nutricionista da escola, Adriana Martins de Lima, a mordomia é o jeito que se encontrou de acostumar as crianças a consumir uma ampla variedade de alimentos saudáveis. “É a filosofia da escola”, diz Adriana. “Nosso negócio é educar, não vender comida.”
A decisão de assumir a educação alimentar dos alunos, adotada nos últimos anos por várias escolas, alivia a preocupação dos pais que não querem que os filhos comam besteiras fora de casa. Quando terminou sua licença-maternidade, a médica Regina Medraño matriculou a filha de 5 meses no berçário Free World, que tem refeitório, cardápio feito por nutricionista, horta e aulas sobre alimentação. Desde então a pequena Ana Beatriz Medraño, hoje com 2 anos, faz todas as refeições, de segunda a sexta-feira, na escolinha. Regina diz que a filha se acostumou a comer de tudo e, nos fins de semana, não recusa nada. “A presença dos colegas e os projetos educativos estimulam a criança a apreciar a variedade”, diz a diretora, Ana Lucia Fanganiello.
Quando a escola não é uma aliada da dieta, os pais precisam encontrar artifícios para driblar a comida ruim que atrai as crianças. E não só na escola. Uma pesquisa da consultoria GS&MD revelou que 30% dos gastos de uma família brasileira com alimentação referem-se a comida que não é preparada em casa. Assim como os adultos, as crianças comem muito fora de casa. Muitas vezes em turma, o que tende a reduzir a influência dos pais. Como garantir que, longe dos adultos, as crianças saberão o que escolher?
A nutricionista Roseli Rossi, da Clínica Equilíbrio Nutricional, sugere que os pais ensinem os filhos a privilegiar restaurantes com cardápios balanceados e combinem com eles, previamente, limites e compensações para as transgressões inevitáveis. “Impor limites do tipo ‘Se for comer hambúrguer, não peça batata frita e tome um suco natural’ faz muita diferença”, diz ela. Roseli chama isso de “autonomia supervisionada”. A criança que desobedece a perde.
As dicas da nutricionista fizeram a empresária Tania Zimerman mudar as regras dos passeios da família. Antes de saber que o colesterol de seus filhos menores, de 3 e 11 anos, estava alto, todos podiam abusar de pizzas e frituras. Agora, a família procura opções mais magras. “Continuamos comendo pizza. Mas já não precisa ser a mais gordurosa.”

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