Pages

 

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Collor, o Candidato de última hora Ex-presidente quer voltar ao governo de Alagoas, mas adota a mesma tática de 2006: adiar sua entrada na disputa eleitoral

0 comentários
Claudio Dantas Sequeira

FOTOS: ROBERTO CASTRO/AG.ISTO É
SONHO Collor quer repetir sua trajetória de 1989: sair de Alagoas direto para o Planalto
Eleito senador com mais de 550 mil votos há três anos, o expresidente Fernando Collor de Mello (PTB) agora tem um projeto mais ambicioso: é candidato ao governo de Alagoas em 2010. A reconquista do comando do Estado, de onde saiu em 1989 para ganhar a Presidência da República, terá um significado especial para quem nutre silenciosamente o desejo de voltar ao Palácio do Planalto. Oficialmente, porém, Collor nega qualquer interesse em concorrer ao Executivo alagoano. "Em hipótese alguma sou candidato", disse à ISTOÉ, por meio de sua assessoria. Mas nos meios políticos de Alagoas não se fala em outra coisa, pois o senador já começou a expor seu projeto político em encontros com prefeitos e parlamentares. E aproveita para antecipar que, a exemplo do que fez em 2006, só vai anunciar a candidatura em cima da hora para evitar ataques de opositores. Na corrida para o Senado, Collor se apresentou quando faltavam 28 dias para o pleito.
"Qualquer precipitação enciumará outros atores", explicou o senador Renan Calheiros (PMDB). Segundo ele, o quadro eleitoral "é favorável" ao expresidente. "Ele está bem nas pesquisas." Principal articulador do projeto, o cacique peemedebista sonha com uma coligação ampla que aglutine todos os partidos da base do governo Lula. A chapa ideal teria Collor como candidato ao governo e o próprio Renan para a reeleição ao Senado. Embora diga que "é cedo para definições", Renan já começou a gastar sola de sapato.
Nos dois últimos fins de semana, esteve em nove municípios. E com o arrefecimento da crise no Senado, a agenda ficou livre para ele intensificar as articulações. "É importante ouvir a todos. Conversar não arranca pedaço." Renan tem explorado a aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um capital político estratégico para os acordos locais. No dia 14 de julho, Lula inaugurou uma obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Palmeira dos Índios, no agreste, e surpreendeu o País ao convidar Collor. Os dois viajaram juntos no Aerolula, dividiram o palanque e trocaram abraços.
FOTOS: ROBERTO CASTRO/AG.ISTO É
Os aliados de Collor acreditam que ele pode superar facilmente os 733 mil votos que elegeram Teotônio Vilela Filho em 2006, especialmente se puser em marcha a máquina midiática das Organizações Arnon de Mello, que tem tevê, rádio e jornal. Collor, segundo cadastro da Anatel, mantém a maior parte das cotas da TV Gazeta, cujo representante legal é o seu suplente no Senado, o primo Euclydes Mello. Mas, no ano passado, Collor sofreu um revés: não elegeu Euclydes e o filho James Mello, que concorreram a prefeituras.
Além disso, a viabilidade da candidatura Collor depende muito da capacidade de costurar uma aliança com o prefeito da capital, Cícero Almeida (PP), ou o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB), que rompeu com Renan e está isolado. O prefeito aparece nas pesquisas com 30%, seguido de Collor com 25% e de Vilela com 4%. Almeida, que em apenas uma década foi vereador, deputado e prefeito, ainda resiste a abrir mão de encabeçar a chapa. "O nome do Cícero tem mais consenso do que o de Collor, cuja rejeição na área metropolitana ainda é alta", explica o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), que poderá apoiar Collor se conseguir emplacar a candidatura para o Senado.
Lessa avalia que o apoio de Lula e do PT ao ex-presidente ameaça criar desconforto para a campanha da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). "Há outras soluções menos traumáticas", acredita. Mas Collor também tem alguns problemas em seu palanque. É o caso dos deputados estaduais Cícero Ferro (PMN), João Beltrão (PMN) e do ex-presidente da Assembleia Legislativa Antonio Albuquerque (ex- DEM). Todos foram indiciados pela Polícia Federal na Operação Taturana, que apurou o desvio de mais de R$ 280 milhões de recursos públicos. Outro escudeiro de Collor é o deputado Augusto Farias (PTB), irmão de PC Farias. Com reduto eleitoral no litoral norte alagoano, a família Farias voltou ao noticiário policial em 2008. Rogério, outro irmão de PC, a esposa, Rume, e a filha Camila foram denunciados por fraude eleitoral.

Nenhum comentário:

Postar um comentário