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sábado, 30 de abril de 2011

Este pó branco também mata?

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Que o açúcar engorda todo mundo sabe. Agora, um pesquisador americano diz que ele é perigoso como o cigarro e o álcool – e pode causar câncer
Cristiane Segatto, Marcela Buscato e Francine Lima. Com Luciana Vicária e Luíza Karam



Confira a seguir um trecho dessa reportagem que pode ser lida na íntegra na edição da revista Época de 30 de abril de 2011.

Assinantes têm acesso à íntegra no Saiba mais no final da página.

Marcos Lopes
VICIADO
Barker e os 62 quilos de açúcar que os brasileiros consomem por ano. “Sou viciado. Só falta fazer uma carreirinha de açúcar e cheirar”, diz
De tempos em tempos surgem estudos sobre alimentação que parecem ter sido criados com o objetivo de acabar com a graça da vida. Quase tudo o que a maioria das pessoas adora comer já foi condenado. Carne vermelha com doses generosas de gordura, ovos fritos de gema molinha, pipoca de cinema sem economia de sal, bombons de comer de joelhos... O jeito de conciliar prazer e vida saudável, dizem os médicos, é cair em tentação só de vez em quando. No caso do açúcar, no entanto, uma corrente médica afirma que nem moderação resolve. “Açúcar é veneno. Deveria ser considerado tão ruim e viciante quanto o cigarro e o álcool”, diz o endocrinologista Robert Lustig, da Universidade da Califórnia. “As pessoas comem doce em todas as refeições. Deveriam fazer isso, no máximo, uma vez por semana.” Lustig tornou-se conhecido fora do círculo acadêmico depois que o vídeo Sugar: the bitter truth (Açúcar: a verdade amarga) foi postado no YouTube, em 2009. Desde então, mais de 1 milhão de pessoas assistiram à aula de 1 hora e 26 minutos pela internet. Por que Lustig tem conseguido tanta atenção?
A denúncia que ele faz não é nova. Em 1975, o jornalista americano William Dufty (morto em 2002) fez sucesso com o livro Sugar blues: o gosto amargo do açúcar. Dufty defendia a ideia de que o açúcar é uma droga poderosa, viciante e capaz de provocar inúmeros males à saúde. Ele afirmava que a indústria conspirava para manter os americanos viciados no pó branco vendido legalmente. O argumento central do livro é de que uma pequena redução no consumo de açúcar é capaz de fazer qualquer pessoa se sentir melhor fisica e mentalmente. Radical, Dufty chegava a ponto de afirmar que a redução do consumo de açúcar nos manicômios poderia ser um tratamento eficaz para muitos pacientes. O livro vendeu 1,6 milhão de cópias, fez a cabeça de muita gente, mas o consumo de açúcar não caiu. Só aumentou.
Lustig se dedica a reunir e divulgar evidências contra o açúcar. É um agitador com uma única causa, e virou referência
Agora é diferente. Ao contrário de Dufty, o endocrinologista Lustig é uma voz respeitada na universidade. Além disso, desde os anos 1970 surgiram evidências científicas capazes de sustentar a tese de que os danos do açúcar vão muito além das gordurinhas a mais. Lustig tem se dedicado a reunir e divulgar evidências contra o açúcar. Tornou-se uma espécie de agitador e rebelde com uma única causa. E converteu-se em referência para todos que pensam como ele.
O principal argumento de Lustig é que a forma como o açúcar é metabolizado pelo organismo o torna muito perigoso. O açúcar de cana, tão popular no Brasil, é tecnicamente chamado de sacarose. Quando digerido, ele se transforma em glicose e frutose. Excesso de glicose é ruim, mas excesso de frutose parece ser muito pior. A frutose derivada do açúcar de cozinha e a frutose ultraconcentrada usada no xarope de milho que adoça os refrigerantes nos Estados Unidos são metabolizadas primeiro (e rapidamente) pelo fígado. Ele passa a trabalhar demais, o que pode levar a um fenômeno chamado de resistência à insulina. Ou seja: o fígado deixa de ser capaz de atuar na redução de glicose no sangue. As consequências para a saúde vão do diabetes tipo 2 à impotência sexual (leia o quadro abaixo).

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