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sábado, 30 de junho de 2012

Ai! De dor, não de prazer

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A ginecologista Rosa Maria Neme respondeu às perguntas das leitoras sobre dores durante ou depois do sexo
No sexo, há quem diga que “um tapinha não dói”, mas outras coisas podem machucar e causar incômodo. O Sexpedia perguntou às leitora: durante o bem-bom, quando você troca o promissor “Não para” pelo desesperador “Nããão, pára”? Reunimos algumas dúvidas de vocês e pedimos socorro à Rosa Maria Neme, doutora em ginecologia pela Faculdade de Medicina da USP e diretora-proprietária do Centro de Endometriose de São Paulo.
-“Meu marido gosta de me dar prazer várias vezes na mesma noite. O problema é que, depois de gozar, sinto uma aflição no clitóris que chega a doer se ele insiste por ali. O que faço?”
Ajoelha e reza, querida. Pode agradecer Deus, Alá, Buda ou qualquer outra autoridade espiritual pela sorte terrena que lhe foi concedida. Homem preocupado com gozo alheio é uma benção! “A pele do clitóris é muito fininha. Com a fricção durante o sexo, ela assa e fica sensível mesmo. O truque é fazer com que a região escorregue mais fácil”, diz a ginecologista. Resumindo: investe no maridão – e no lubrificante.
- “Ele sempre vai direto para a penetração porque não tem paciência para preliminares, sexo oral… Além de lubrificante, tem alguma coisa para evitar que machuque?”
Tem sim. E desta vez, o Sexpedia responde no lugar da doutora. A opção é perguntar ao parceiro: “Algum gato comeu a sua língua?” ou “Gato, você comeu a própria língua?” ou ainda “Gato, sem língua você não me come mais”.
- “Por que, quando transo com a bexiga cheia, a penetração incomoda e depois sofro para fazer xixi?”
Imagine a sua bexiga como uma vizinha do seu canal vaginal. Assim, vizinha de casa geminada, sabe? Dentro de você, é como se as duas se dividissem por uma fina parede. Agora imagine que essa bexiga está lá, lotada de xixi até as tampas, quando um intruso fica batendo à porta. Puta sujeito mal educado, que bate váááárias vezes seguidas. Quem não ficaria irritada? “Quando a bexiga está cheia e pesada, ela pressiona o canal vaginal e o deixa mais estreito. O pênis fica atritando essa parede e isso pode gerar uma inflamação”, afirma Rosa. O ideal é sempre ir ao banheiro antes do sexo: urina e pênis não combinam no mesmo espaço. Mande a primeira embora – só depois convide o segundo.
- “Sinto cólicas algumas vezes depois de transar. É normal?”
Ô, amiga, pior que é. Segundo a médica, o sêmen tem uma substância que faz com que o útero tenha pequenas contrações. Sem mais nem menos, só de navegar e entrar em contato com o canal vaginal. Coisa que ele não conseguiria se estivesse dentro de uma camisinha, né?
- “Às vezes, mesmo sem estar menstruada, sangro durante e depois do sexo. Isso é sinal de alguma coisa séria?”
Se você toma anticoncepcional de forma contínua (cartela atrás de cartela, sem pausa para menstruar), é comum que isso aconteça. Caso contrário, é preciso investigar. “Pode ser uma ferida no colo do útero gerada por HPV, por inflamação de corrimento não tratado etc”, diz Rosa. Ela acrescenta que mulheres com a entrada da vagina muito estreita podem sofrer pequenas fissuras na penetração – desses cortezinhos saem o sangue. E vale checar se os resquícios vermelhos não vieram de gel/creme/lubrificante sabor morango/cereja/frutas vermelhas…
- “Perder a virgindade sempe dói?”
Que fofa, temos uma leitora virgem! Depende. Ao contrário do que as pessoas imaginam, a dor não vem do rompimento do hímen. Dra Rosa explica que ele não tem muitos nervos – até por isso, nem sempre sangra quando a membrana é rasgada. O problema é a tensão do sexo inaugural. A moça trava literalmente na estreia: contrai a musculatura do períneo, o que faz com que sinta mais ainda a penetração. O Sexpedia recomenda virar uns drinques, beijar muito e relaxar antes de mandar brasa.
- “Sinto uma dor no fundo da vagina quando meu namorado me penetra por trás. Pode ter a ver com o tamanho do pênis dele ou da profundidade da minha vagina?”
Pode. E com outras coisas. Em geral, o canal vaginal tem entre 10 e 12 cm. Se o dote do rapaz for muuuuuito maior do que a sua “elasticidade” interior, ele pode bater no colo do útero. A dor também pode ser culpa do formato do seu útero: em 5% das mulheres, ele é invertido. Isso faz com que, em algumas posições sexuais (como a penetração por trás), o pênis alcance a parede do órgão. Nos dois casos, nada grave. Mas essa dor no fundo da vagina pode ser um sintoma de endometriose, uma doença misteriosa que atinge 15% das mulheres que menstruam. Ninguém sabe o que causa esse problema no tecido do útero, mas desconfiam de genética e deficiências de imunidade. Não tem cura, mas tem tratamento (cirurgia e remédios). A dra Rosa, especialista no assunto, conta que a maioria das pacientes descobre quando chega ao consultório reclamando de cólicas mentruais, dor na relação sexual ou dificuldade para engravidar. O diagnóstico depende de exames (clínico e de imagens) especializados. Como saber se é apenas uma dor comum ou algo mais complicado? “Quem tem endometriose sente dor no fundo da vagina em qualquer posição: de lado, papai-mamãe, por trás…”, diz a ginecologista. Preste atenção aos sinais do seu corpo, querida. Cuide-se para que o “ai” seja sempre de prazer, nunca de dor.

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