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sábado, 30 de junho de 2012

Orgasmo – por que você finge e como chegar lá de verdade

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Toda mulher já fingiu um orgasmo na vida, arrisco dizer. No filme “Harry & Sally”(1989), Meg Ryan dá uma aula nesta clássica cena aqui. Bancar a atriz na cama, de vez em quando, é simples, indolor e bem prático. Mas o tempo todo deve ser um saco. Recebi muitos comentários de leitoras infelizes, para as quais fingir é infinitamente mais frequente do que sentir. Algumas são casadas há anos e estão cansadas de encenação. Outras nunca se viram arrebatadas por uma sensação dessas. Elas perguntam “o que faço para chegar lá?” à espera de uma resposta fácil como “pegue à direita e dobre à esquerda no semáforo”.
A ginecologista Carolina Ambrogini criou o Projeto Afrodite para atender mulheres com problemas na vida sexual, como ausência de orgasmo
Acontece que gozo não tem endereço fixo. Para mostrar alguns caminhos rumo ao ápice do prazer, fui tomar um café com a ginecologista Carolina Ambrogini. Ela é criadora do Projeto Afrodite, um centro multidisciplinar que atende gratuitamente mulheres com disfunções sexuais. Nas consultas, elas reclamam de distúrbios de dor como vaginismo, de dimunuição da libido e até anorgasmia, a tal dificuldade persistente de ter orgasmo. A médica divide essas paciente em três grupos (apelidados pelo Sexpedia) e sugere soluções para cada um deles.
Grupo 1: “Ah, então era isso?”
Elas não sabem o que é um orgasmo e nunca se atreveram a perguntar. Em palestra, a doutora compara gozar com espirrar: “é uma onda de vontade que vai crescendo e crescendo, até você não segurar mais e liberar aquilo”. Assim como um espirro, é intenso, te deixa molhada e dura poucos segundos. Mulheres que assistem novelas e filmes demais acreditam não ter orgasmos pois nunca viram estrelas nem gemeram como as personagens. “Elas até se decepcionam quando descobrem o nome daquela sensação rápida”, diz Carolina. Há ainda quem se ache anorgástica porque não ejacula como o homem (deixe a liberação de líquidos com ele, ok?), porque não chega lá JUNTO com o parceiro (nem sempre dá para sincronizar os ponteiros) ou porque só consegue gozar com estimulação do clitóris (ei, apenas 30% de nós goza com penetração!).
*O que fazer: Se você sentiu uma vontade de espirrar com o corpo todo e depois relaxou… parabéns, você teve um orgasmo! Só precisa de uma soneca.
Grupo 2: “Me tocar? Oi?”
Com muita vergonha do próprio corpo, elas nunca se tocaram e jogam toda a responsabilidade do orgasmo no parceiro. Cresceram sem conhecer a anatomia que suas calcinhas escondem provavelmente porque, quando crianças, foram inibidas. “A partir dos 4 anos é normal o descobrimento da genitália, sem erotismo”, diz a ginecologista. O menino pode folhear revista pornô no banheiro, mas a menina costuma ouvir da família que “é feio e sujo botar a mão aí”. Ela vira mulher, mas continua achando proibido se tocar e procurar suas zonas erógenas. No sexo, não sabe dizer onde é gostoso ou não. “A masturbação é um momento de intimidade que você tem com o seu corpo e não interessa a mais ninguém”, diz Carolina.
*O que fazer: Exercícios com os dois “F”, de fantasia e fricção. Explore o clitóris com dedo ou vibrador – ou ainda com um travesseiro entre as pernas, se você realmente não consegue se tocar. Repare onde gosta de ser acariciada e dê recados sutis ao parceiro. Mesmo que você finja há décadas, jamais diga “não consigo gozar contigo” ou vai ferir a masculinidade dele. Melhor inventar que leu em algum lugar que de tal jeito é bem bom…
Grupo 3: “Libero a vagina, não os instintos”
Liberais e bem-resolvidas, elas se conhecem e se masturbam, mas não conseguem alcançar o orgasmo durante o sexo. “O orgasmo é uma perda momentânea do controle, significa ficar vulnerável ao outro”, afirma Carolina. Algumas mulheres não conseguem abstrair o concreto, se deixar levar pelas sensações, liberar seus instintos. Inconscientemente, tem medo de se entregar e confiar no outro.
*O que fazer: A leitura de contos eróticos pode ajudar você a sair da realidade e entrar no mundo da fantasia, onde tudo é permitido. Sessões de terapia também seriam úteis.
Concordo com a Dra Carolina que “orgasmo é uma sensação individual e cada um que conquiste o seu”, mas acrescentaria um quarto grupo… o dos namorados e maridos preguiçosos. Porque, meu bem, a culpa nem sempre é só sua. Se ele sofre de disfunções como ejaculação precoce (goza rapidíssimo e vira pro lado) ou penetração precoce (mal dá “oi” e vai entrando), fica difícil mesmo. E se o cara for um querido esforçado, o importante é que você não se jogue na transa com pessimismo do tipo “ai, acaba logo”. Não há pior balde de água fria que uma mente distraída e negativa. Encare, no mínimo, como um momento legal, de troca de intimidade. Questões hormonais, troca de parceiro e idade podem alterar a excitação e o prazer. Só são consideradas anorgásticas mulheres que estão há seis meses ou mais sem gozar. Ainda assim, com tempo e tratamento, você volta a subir pelas paredes.
Projeto Afrodite
Rua Embaú, 66, Vila Mariana, São Paulo/SP.
Funcionamento: terça e quarta, das 13h às 16h.
Agende sua consulta gratuita pelo telefone (11) 5549-6174.

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