07:00, 31/05/2012 Nathalia ZiemkiewiczaSEXssórios, acessórios, brinquedos sexuais, comportamento, erotismo, fantasias, fetiches, pornografia, sexo Tags: BDSM, bondage, cordas, dominação sexual, dor, nós, pop porn festival, sadomasoquismo, shibari, toshi, virada pornô
O administrador paulistano “Toshi”, de 39 anos, é um autodidata no assunto. Desde 1992, pesquisa em livros e na internet. Por timidez e medo do preconceito, só começou a frequentar grupos de BDSM (sigla para Bondage e Disciplina, Dominação e Submissão, Sadismo e Masoquismo) há pouco mais de um ano. Toshi dará seu primeiro workshop neste domingo, dia 3 de junho, na segunda edição do Pop Porn Festival. Espécie de Virada Pornô em São Paulo, o evento traz 48 horas de programação initerrupta a partir de sexta-feira: filmes, fotos, cursos, performances e debates sobre a cultura pornográfica.
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- Quem inventou o Shibari?
O Japão, um país-ilha com escassez de recursos naturais. Na Era Feudal, todo o aço e ferro eram usados para fabricar armas. A corda era uma ferramenta do dia a dia. Os militares, por exemplo, não tinham grilhões para garantir que os prisioneiros não fugissem. Então criaram amarrações. Depois, a técnica foi “roubada” por sadomasoquistas.
- Ok, é uma forma de dominação sexual com cordas e nós super elaborados. Por que não basta amarrar o outro de qualquer jeito? O tesão não é o mesmo?
Não. É um fetiche com um lado muito exibicionista. Claro que dá para prender alguém com uma amarração simples, mas não tem a satisfação de mostrar a sua habilidade com as cordas. Demoro cerca de 20 minutos para algo bonito. Gosto de admirar minhas amarrações e tirar fotos delas. Fora isso, é muito prazeroso brincar e estimular regiões erógenas da pessoa sem que ela possa reagir.
- E machuca muito?
Tudo que te aperta e imobiliza traz desconforto. Mas, dentro do sadomasoquismo, existem dois tipos de dor: a boa e a ruim. A ruim não dá nenhum prazer, é insuportável. Na hora da amarração, você dosa a tensão que dá no nó. E isso determina se a pessoa poderá ter alguma liberdade de movimentos ou ficará imóvel por mais que tente se contorcer. Depende do objetivo. Se apertar demais o nó, terá que desatar logo para não ser prejudicial à saúde.
- Quais os riscos de quem pratica?
Prender a circulação, sentir formigamentos, ficar com partes do corpo roxas e geladas… Para que isso não aconteça, temos medidas de segurança. Por exemplo, não amarro em articulações (cotovelho, joelho) ou em locais com pouca proteção muscular e muitas veias. Assim, posso deixar alguém preso por meia hora sem problemas. Quanto mais se debater, claro, mais ficará marcado pelas cordas.
- E se a pessoa quiser parar, no meio do clima de dominação?
Temos códigos. O tempo todo pergunto se está tudo bem. Se ela responde “verde”, posso seguir em frente. “Vermelho” é porque está doendo e devo parar. Tudo é consensual. Penduro até de ponta-cabeça e alguns chegam ao orgasmo. A maioria só fica excitada. Adoram sentir aquela carga de adrenalina, como se estivessem em um brinquedo perigoso no parque de diversões.
- Você namora? Com quem faz sexo assim?
Comecei sendo amarrado em um clube de BDSM. Fiz um grupo de amigos nesse universo e passamos a praticar, tínhamos essa liberdade uns com os outros. Lá conheci a minha atual namorada, que também curte cordas (ela será a cobaia de Toshi no workshop). Não fazemos sexo todas as vezes desse jeito, mas é mais legal quando rola. Para nós, esse sexo comum que se vê na televisão é muito “baunilha” (“sem graça”, na linguagem BDSM).
- E dá para amarrá-la no teto de casa?
Eu não tenho ganchos no teto de casa para passar a corda, mas alguns amigos instalaram na sala. Quando chegam visitas, eles inventam que penduravam uma samambaia ou algum lustre ali… Os mais bem-resolvidos contam que gostam mesmo de pendurar gente.
***
2º Festival PopPorn – São Paulo
01/06 a 03/06 (sexta a domingo)
Ingressos à venda apenas pelo site www.popporn.com.br
Toshi, professor de Shibari: chunbala@hotmail.com
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