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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Shibari: a técnica de quem se amarra em fetiche sadomasô

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Amarrações de Shibari feitas por Toshi, com modelo vestida para não chocar os leitores
Um orgasmo de ponta-cabeça, com o corpo tão imobilizado que é impossível até se contorcer de prazer. Parece loucura e cena de exorcismo, mas tem muita gente que se amarra neste tipo de fetiche. Literalmente, com cordas e nós. Oriental, a técnica sadomasoquista é conhecida como Shibari e faz parte do Bondage (práticas sexuais de  imobilização do parceiro com correntes, camisa de força ou qualquer material). Em outras palavras, é tortura erótica pra valer. Nada de venda para os olhos e algemas de pelúcia. Para os praticantes de sadomasô, se você “não sabe brincar, nem desce pro play”.
O administrador paulistano “Toshi”, de 39 anos, é um autodidata no assunto. Desde 1992, pesquisa em livros e na internet. Por timidez e medo do preconceito, só começou a frequentar grupos de BDSM (sigla para Bondage e Disciplina, Dominação e Submissão, Sadismo e Masoquismo) há pouco mais de um ano. Toshi dará seu primeiro workshop neste domingo, dia 3 de junho, na segunda edição do Pop Porn Festival. Espécie de Virada Pornô em São Paulo, o evento traz 48 horas de programação initerrupta a partir de sexta-feira: filmes, fotos, cursos, performances e debates sobre a cultura pornográfica.
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- Quem inventou o Shibari?
O Japão, um país-ilha com escassez de recursos naturais. Na Era Feudal, todo o aço e ferro eram usados para fabricar armas. A corda era uma ferramenta do dia a dia. Os militares, por exemplo, não tinham grilhões para garantir que os prisioneiros não fugissem. Então criaram amarrações. Depois, a técnica foi “roubada” por sadomasoquistas.
- Ok, é uma forma de dominação sexual com cordas e nós super elaborados. Por que não basta amarrar o outro de qualquer jeito? O tesão não é o mesmo?
Não. É um fetiche com um lado muito exibicionista. Claro que dá para prender alguém com uma amarração simples, mas não tem a satisfação de mostrar a sua habilidade com as cordas. Demoro cerca de 20 minutos para algo bonito. Gosto de admirar minhas amarrações e tirar fotos delas. Fora isso, é muito prazeroso brincar e estimular regiões erógenas da pessoa sem que ela possa reagir.
A técnica sadomasoquista é apenas uma das práticas sexuais de imobilização
- E machuca muito?
Tudo que te aperta e imobiliza traz desconforto. Mas, dentro do sadomasoquismo, existem dois tipos de dor: a boa e a ruim. A ruim não dá nenhum prazer, é insuportável. Na hora da amarração, você dosa a tensão que dá no nó. E isso determina se a pessoa poderá ter alguma liberdade de movimentos ou ficará imóvel por mais que tente se contorcer. Depende do objetivo. Se apertar demais o nó, terá que desatar logo para não ser prejudicial à saúde.
- Quais os riscos de quem pratica?
Prender a circulação, sentir formigamentos, ficar com partes do corpo roxas e geladas… Para que isso não aconteça, temos medidas de segurança. Por exemplo, não amarro em articulações (cotovelho, joelho) ou em locais com pouca proteção muscular e muitas veias. Assim, posso deixar alguém preso por meia hora sem problemas. Quanto mais se debater, claro, mais ficará marcado pelas cordas.
- E se a pessoa quiser parar, no meio do clima de dominação?
Temos códigos. O tempo todo pergunto se está tudo bem. Se ela responde “verde”, posso seguir em frente. “Vermelho” é porque está doendo e devo parar. Tudo é consensual. Penduro até de ponta-cabeça e alguns chegam ao orgasmo. A maioria só fica excitada. Adoram sentir aquela carga de adrenalina, como se estivessem em um brinquedo perigoso no parque de diversões.
Worshop faz parte da programação da Virada Pornô, que rola neste final de semana, só em São Paulo
- Você namora? Com quem faz sexo assim?
Comecei sendo amarrado em um clube de BDSM. Fiz um grupo de amigos nesse universo e passamos a praticar, tínhamos essa liberdade uns com os outros. Lá conheci a minha atual namorada, que também curte cordas (ela será a cobaia de Toshi no workshop). Não fazemos sexo todas as vezes desse jeito, mas é mais legal quando rola. Para nós, esse sexo comum que se vê na televisão é muito “baunilha” (“sem graça”, na linguagem BDSM).
- E dá para amarrá-la no teto de casa?
Eu não tenho ganchos no teto de casa para passar a corda, mas alguns amigos instalaram na sala. Quando chegam visitas, eles inventam que penduravam uma samambaia ou algum lustre ali… Os mais bem-resolvidos contam que gostam mesmo de pendurar gente.
***
2º Festival PopPorn – São Paulo
01/06 a 03/06 (sexta a domingo)
Ingressos à venda apenas pelo site www.popporn.com.br
Toshi, professor de Shibari: chunbala@hotmail.com

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