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sábado, 8 de março de 2014

Os propósitos formativos do planejamento docente

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Ao analisar os planejamentos dos professores, o coordenador articula as ações pedagógicas, orientando a equipe a ajustá-los aos objetivos de aprendizagem e ao PPP

Mônica Matie Fujikawa 



Mônica Matie Fujikawa. Foto: Gabi Portilho
Mônica Matie Fujikawa Mestre em Educação pela Universidade Metodista de São Paulo
A instituição escolar demanda a produção de diversos registros para a organização, gerência e condução de seu trabalho. Eles cumprem uma função importante na organização e planificação do trabalho pedagógico, mapeando o percurso das ações, as escolhas e os encaminhamentos nas diversas instâncias da gestão escolar. Afinal, como toda instituição, "(...) as escolas buscam resultados, o que implica uma atividade racional, estruturada e coordenada. Ao mesmo tempo, sendo de caráter coletivo, essa atividade não depende apenas das capacidades e das responsabilidades individuais, mas também de objetivos comuns e compartilhados, de meios e ações coordenadas e controladas dos agentes do processo" (Libâneo, Oliveira e Toschi, p. 344). 

Visando a articulação nas diversas instâncias da gestão, a escola dispõe de variados registros que devem manter coerência com os princípios de seu projeto político-pedagógico, documento orientador das iniciativas ali desencadeadas. A elaboração desses documentos no decorrer do trabalho escolar - permeado de percalços e avanços, projeções e realizações, hipóteses e constatações, dilemas e suposições - permite objetivar as questões que ocorrem nessa realidade. Isso não significa cristalizar as ações, as atitudes e os comportamentos, considerando-os imutáveis ou determinados porque jazem escritos. Mas implicam considerar as possibilidades que o registro escrito apresenta na revelação da realidade capturada, permitindo observar também o que se revela pela ocultação de dados na escrita (Fujikawa, 2006, p.135).
Como a produção e análise dos registros podem se converter em boas oportunidades formativas em vez do caráter meramente burocrático que costuma revesti- los? Quais os sentidos atribuídos a eles? Que informações relevantes eles oferecem para a avaliação e a revisão da prática pedagógica? Neste artigo, vamos nos deter nas possibilidades que a discussão e o estudo dos planejamentos bimestral ou trimestral apresentam para a reflexão e compreensão do trabalho realizado na escola. 

Os registros revelam aspectos significativos do trabalho desenvolvido - as intenções pedagógico-educacionais, os objetivos de trabalho, os percursos metodológicos e seus encaminhamentos, a sequência e o encadeamento de ações, os propósitos das atividades, dentre outros. Eles podem se converter em oportunidades formativas no processo de apropriação e revisão do conhecimento produzido no cotidiano das práticas pedagógicas quando dão visibilidade e materialidade para o "pensar sobre o fazer". Ao serem tomados em consideração para apropriação do pensamento prático e teórico do educador (Freire, 1995), ampliam as perspectivas de análise, possibilitando o fortalecimento da dimensão coletiva da docência e desencadeando a integração das perspectivas individuais e coletivas do trabalho no contexto escolar. "Uma das dificuldades do trabalho coletivo está no confronto de expectativas e desejos dos sujeitos envolvidos. Dificuldade que precisa de condições especiais para ser superada. Uma dessas condições está na compreensão de que uma visão comum sobre a escola, um eixo aglutinador dos seus sujeitos, só pode ser construído a partir das visões particulares, das expectativas de cada um sobre a escola que se pretende organizar" (Bruno, 1998).

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