Pages

 

sábado, 21 de maio de 2016

Como levantar o assunto ménage à trois? Qual a melhor forma de falar das fantasias sexuais com o parceiro?

0 comentários

3 de outubro de 2015


fale-menage
Meninas, uma das presenças mais constantes aqui na caixa de e-mail é a cartinha pedindo uma estrada que leve do sexo normal até o paraíso da fantasia sensual.
Gente que escreve perguntando como faz pra conseguir um ménage.
Gente que quer saber como tirar o marido da tranquilidade muscular do papai-e-mamãe.
Gente que fica suada só pensando numa trepada sob a luz do sol e o vento que sopra sem paredes.
Gente que gostaria de uns carinhos na retaguarda mas tem medo de pedir.
Enfim, no fundo, é uma estrada de perdição.
+Fale com ele: Por que alguns homens ficam estranhos, calados ou querem ir embora depois do sexo?
Dia desses, por exemplo, desembarcou aqui esta mensagem:
“João, meu sonho – mas é sonho mesmo, desses que até doem, desses que já me fizeram querer até pular a cerca pra encontrar quem topasse – é transar com dois homens. Meu namorado não é exatamente um sujeito caxias na cama, ele provavelmente toparia dividir a cama comigo e mais outra (não tenho certeza), mas o meu desejo eu receio que ele jamais tope. O problema é ter essa certeza.
Porque não sei se você concorda, mas a minha impressão é de que homens pegam mal com essa tara. Duas mulheres e um cara, tudo bem. Dois caras e uma mulher, nada feito. E eu realmente não entendo qual a diferença, na prática. Tudo bem, imagino os pudores, o machismo, esse medo de ficar perto de outro sujeito nu. Mas eu sei bem que dá pra fazer sem isso. E, puxa, vontade é vontade.
Minha dúvida é: como tocar nesse assunto? E como fazer esse assunto acontecer? Porque, sei lá, acho meio triste eu ter tanta vontade e morrer com essa vontade. Sério, parece que eu só atraio namorados legais, mas normais no quesito ‘cama’. Os loucos, os trastes, esses sim parecem topar… Mas não prestam. Sinuca de bico, portanto.
Que dicas você me dá, João?”
O CAMINHO DA ALEGRIA COMEÇA NO MEDO DA ALEGRIA
Meninas, como eu disse lá em cima, as nossas grandes taras são um caminho de perdições e tormentos. O triste negócio é que esse caminho, no fim das contas, é cimentado com o nosso bizarro e quase insuperável medo de arriscar. Temos medo de julgamento. Temos medo de que o outro veja na gente aquilo que não queremos passar. Temos medo do que fazer se a coisa realmente acontecer. Temos medo de falhar. Temos medo de ficar falados. Temos… medo.
E eis o ponto essencial de qualquer tara: quem tem medo, não faz. E mesmo quem faz, tem medo.
+Fale com ele: Tenho dificuldades para gozar com penetração. Finjo que chego lá ou não?
Como é que a gente mastiga esse Tostines, então, hein?
Acho que tem uns macetes.
fale-menage2
RELAXAR E ARRISCAR
O primeiro engenho de todos é: relaxem. Sério, relaxem. Por trás de cada parede, em cima de cada cama, por baixo de todo zíper, dormem segredos e vontades que quase todo mundo tem vergonha de assumir. Quase todo mundo, aliás, é capaz de fazer muito mais do que aquilo que assume pros outros e pro espelho.
Quase todo mundo. Você não está só.
É como se fôssemos uma nação de bizarros incapazes de ver que os outros são também bizarros. E percebem a torta beleza disso? Se temos aqui, respirando sobre este solo, sete bilhões de taradinhos, temos, no fim, sete bilhões de pessoas normalíssimas. Ser bizarro é ser normal. Meu ponto: desejo sexual quase todo mundo tem o seu. E eles não são tão distantes assim uns dos outros.
Tenho uma amigo estudioso dessas coisas da mente. Trabalha deitando as pessoas no divã. Quando elas levantam, ele diz a si mesmo que dentro de todo mundo vive um sapequinha sexual capaz de aceitar, topar e viver as maiores e mais impensáveis experiências. Tudo depende de um processo de aceitação. De respeitar os limites próprios e do outro. E, enfim, de viver a vida sem o receio de esperar tanta aprovação alheia.
+Fale com ele: Qual a frequência sexual ideal? A ciência descobriu e você vai gostar
Querem saber de uma coisa: fazer um ménage em que há dois homens na cama e uma mulher fazendo sanduíche é mesmo algo que costuma assustar os machos. Mas eu diria que com tato, com a pessoa certa, investigando delicadamente o assunto, o assunto pode vingar mais do que parece. E querem saber? Muito cara até gosta de descobrir na parceira essas vontades tão desabridas. Há que ser delicado e comedido na aproximação. Mas tem que tentar.
O “não” todo mundo já tem ficando parado.
O sim só com sorte ou esforço.
O mesmo pode ser dito pra tudo que for perguntado, além do ménage: desde os dedos e os beijos em lugares obscuros até as palmadinhas. Tudo tem um lugar.
MAS COMO FAZER?
A dica inicial é a dica essencial: conversem. Puxa o parceiro de canto, num momento relaxado, naqueles momentos de tara verbal mútua, quando a gente destrava o zíper interno e quer falar de safadices. Esse é um dos processos mais divertidos de um casal que aceita a grande verdade do mundo: a graça do amor é a gente entender que todo mundo tem passado e ninguém tem posse do outro. Amor é tudo menos posse. Amor é entender e respeitar os limites alheios. Mas é também abrir uma conversa ruidosa ou silenciosa em que as duas pessoas aceitam que diante de si há alguém com vontades e desejos.
São esses casais que, aos poucos, vão soltando as iscas, mapeando aquilo que causa comichões nos países baixos. Dentro de você e do seu parceiro vive esse casal.
+Fale com ele: Os homens são realmente obcecados por sexo anal?
Um exemplo:
Conheço um amigo que se sentia o mais incapaz dos sedutores. O sonho dele era transar com a mulher e uma amiga. Mas era um sonho dividido entre ele e ele mesmo. Nunca foi capaz de dizer. Na realidade que ele pintou na própria cuca, dizer isso à esposa seria ofender a esposa. Seria ainda mais: seria trair a esposa. Pior: nesse desenho que ele fez da esposa, a esposa era quase virginal, um montezinho de pureza e no máximo um 69 no sexo.
Até que um dia, depois de uma festa de casamento, os dois tomaram um porre. E tomaram esse porre com a amiga junto. O porre evoluiu pra uma conversa franquíssima sobre os calores sexuais. Quando raiou o dia, os três trocaram beijos. Despediram-se. Meu amigo e sua esposa pra um lado, a amiga pra outro.
Nesse dia, amigo e esposa, enfim, conversaram. Descobriram, alegres e meio assustados, que dentro de cada um respirava alguém que eles desconheciam. E aquilo que parecia tabu era, na real, um irrefreável desejo mútuo e silencioso. Em pouco tempo, a cama dos dois ganhou o peso de mais uma. E foram felizes por alguns dias e várias horas.
UMA CONCLUSÃO
Meu ponto, meninas, é: estamos deixando e viver coisas por medo de viver coisas.
Minha dica é: conversem. Sutilmente, soltem as migalhas do assunto.
Como disse acima: na hora em que você se sente mais aberto e percebe a abertura no parceiro, eis a hora de soltar esses farelos.
Depois, sinta. Sinta a reação. Muitas vezes, o outro demora a destravar. Mesmo no campo das hipóteses. É sempre bom lembrar que o outro é um espelho distorcido da gente. Vive os mesmos dilemas, moldados à maneira dele. Alguém só precisa quebrar o gelo.
+Fale com ele: Quando a gente se dá bem em tudo menos no sexo, tem jeito? É normal eu gostar muito de sexo frenético?
O grande truque é mostrar que o seu desejo é também uma fonte de prazer pro outro: que fazer o outro feliz é te fazer feliz. Que ampliar os horizontes, até o limite em que o horizonte não machucar o desejo vertical do parceiro, é o melhor jeito pros dois.
Mas acima de tudo, escute. Faça dessa conversa uma troca. Deixe aberto o campo pra que o outro também possa realizar ou falar com você aquilo que ele guarda dentro de si. Esse é a trilha do sucesso: quando a gente sente que a parceria na cama é total e em duas vias, fazer o desejo do outro é fazer o nosso próprio desejo. A gente acaba contaminado pela euforia de uma vida mais sapeca.
Respeitar os receios, lidar com os medos, fazer da tara sexual uma história que começa nas travas, mas caminha junta para uma descoberta, essa é a grande estrada que liga a fantasia à mais suada e alegre realidade.
Arrisquem.

http://colunas.revistamarieclaire.globo.com/falecomele/2015/10/03/como-levantar-o-assunto-menage-a-trois-qual-a-melhor-forma-de-falar-das-fantasias-sexuais-com-o-parceiro/

Nenhum comentário:

Postar um comentário