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sábado, 14 de maio de 2011

Pobres no Brasil são mais vulneráveis à depressão

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A classe pobre fica sujeita ao transtorno por enfrentar mais adversidades e dificuldades em contorná-las no decorrer da vida, segundo conclusões de revista inglesa
Redação ÉPOCA, com Agência Brasil
A revista médica inglesa The Lancet publicou em sua edição mais recente uma série de artigos sobre a saúde no Brasil que compõem uma série especial sobre a situação no país. A conclusão a que chegam os artigos é de que os brasileiros pobres e com baixo nível de escolaridade são mais vulneráveis a doenças como depressão, demência e a outros transtornos neuropsiquiátricos justamente devido à sua condição social.

A classe pobre fica sujeita ao transtorno por enfrentar mais adversidades e dificuldades em contorná-las no decorrer da vida. “Nos centros urbanos, vários estudos mostram que os de menor escolaridade e renda têm mais depressão que os mais ricos”, diz o professor de medicina da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Rossi, responsável pela análise dos transtornos para a série especial.

Apesar dos dados escassos sobre depressão no país, Paulo Rossi afirma que a doença está associada às condições de vida, como a situação financeira. Com o aumento do poder aquisitivo do brasileiro, o especialista acredita que os casos podem cair nas próximas décadas.

“Imagino que com a melhora econômica da população, a prevalência de depressão diminua. Mas ainda não temos como acompanhar se isso está acontecendo”, afirmou o especialista. Outros fatores que contribuem para o aparecimento são casos na família, traumas de infância e outros problemas familiares.

Segundo a publicação,18,8% dos brasileiros declararam ter sido diagnosticados com depressão em 2003, mas Rossi afirma que os profissionais de saúde ainda estão despreparados para reconhecer a doença. Há seis anos, estudo feito em São Paulo revelou que apenas 5% dos quadros depressivos foram identificados pelos médicos em postos de saúde, conforme Rossi. Alguns dos sintomas são tristeza, queda da autoestima, dores de cabeça, perda de apetite, ansiedade, irritação e dificuldade de concentração.

Devido à baixa escolaridade, à falta de leitura e de exercícios mentais, os mais pobres também correm mais risco de desenvolver demência no fim da vida. “É imaginar que o cérebro é como um músculo. Se a gente não usar, a gente perde a capacidade”, disse Rossi.

“Temos análises em que fica evidente que um sujeito que nasceu em área rural, é analfabeto, tem ocupações não qualificadas e salários baixos tem maior risco de demência, quando comparado a um que nasceu em centro urbano, estudou, tem ocupação mais qualificada e renda maior”, afirmou.

A demência está relacionada à fase idosa. Com o envelhecimento da população, os especialistas alertam que o transtorno pode se tornar uma questão de saúde pública no Brasil. Pesquisas, segundo a revista, indicam prevalência da doença de 5,1% a 8,8% a partir de 65 anos de idade. “A mortalidade por demência padronizada por idade aumentou de 1,8 por 100 mil em 1996 para 7 por 100 em 2007”, diz a publicação.

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